tag:blogger.com,1999:blog-24228785927497427462024-03-05T04:28:16.234-08:00OLHARES EXPOSTOSTaisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.comBlogger21125tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-70174777599399574752011-04-13T14:08:00.000-07:002011-04-13T14:10:16.418-07:00Campanha #EUSOUGAY - DIVULGANDO<div style="text-align: justify;">Carol Almeida lançou uma campanha de enfrentamento a intolerância, ao odio e as diversas manifestações da discriminação que permeiam nossa sociedade a partir do indignamento causado pela morte da jovem lésbica Adriele. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por considerar sua ação de extrema importância para lançar luz a revisão de posturas, valores, respeito e ao proprio sentido de humanidade na nossa sociedade, replico a campanha para que esta chegue como proposto pela jornalista ao maior numero de pessoas que se possa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Segue abaixo</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">_____________________________________________________________________________</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Itarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quero então compartilhar essa ideia com todos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sejamos gays.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">3) E só :-)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mais informações: <a href="http://projetoeusougay.wordpress.com/">http://projetoeusougay.wordpress.com/</a></div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-41539159667405253142011-04-07T13:26:00.000-07:002011-04-07T13:46:49.898-07:00Entre mudanças e permanências: reflexões sobre os Kits Educativos do Projeto Escola Sem Homofobia<div style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9q3KdHnKbefivokB3g7A7-_ravI7jT7yOdV6zeOpN56nDvTxJoTDQRv_jMn4TDTfBL_YlIhXdEZ-LNme7E-aP2Sq9wysqrmy_ivEoMuB1bxPdd7ffqKC8KlYn4ZWmYiNIxU2T9Jxow9MZ/s400/ESH.JPG" width="103" /></div><br />
<div style="text-align: right;"><strong>Taisa Ferreira*</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
No ultimo período, temos visto repercutir nas mídias diversas informações distorcidas sobre os kits de materiais educativos oriundos do Projeto Escola Sem Homofobia. Muitas fantasias têm sido negativamente construídas através da movimentação de setores ultraconservadores, pautados em ideias religiosas de base fundamentalista contra o material. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Através de críticas infundadas, apelidos depreciativos e teses que nada mais fazem do que macular o real objetivo da iniciativa, as movimentações citadas produzem informações ora confusas, ora desconstrutivas que geram desconforto, fortalecem o preconceito e impulsionam ao mesmo tempo defesas e questionamentos sobre o quão democrática e igualitária nossa sociedade está disposta a ser. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Kit de materiais educativos ainda está em análise junto ao Ministério da Educação (MEC) para posterior lançamento e distribuição. Com toda essa polêmica, muitas pessoas ainda se perguntam o que é este projeto? Mas o que é este kit? Por que a escola precisaria de um material desse? O que está por trás de tudo isso? Diante da compreensão, de que enquanto educadores, sempre devemos estar atentos e refletindo sobre tudo que diz respeito à educação e vida em sociedade, gostaria de tecer algumas ponderações. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
Nas ultimas décadas houveram transformações significativas no modo como o gênero e a sexualidade são pensados e vividos no Brasil. A criação da pílula anticoncepcional, a divulgação dos ideais da contracultura, a emergência da epidemia do HIV- Aids, o surgimento dos movimentos feministas e pelos direitos das pessoas LGBT,s’[1], possibilitaram colocar o gênero e a sexualidade na ordem do dia, na mídia, nas políticas públicas e nas mais diversas áreas de conhecimento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Porém tratar das relações de gênero, sexualidade e diversidade sexual na sociedade contemporânea, ainda se caracteriza, sobretudo como um grande desafio, pois perpassa por atravessar conflitos em uma sociedade marcada historicamente por valores machistas e por relações de poder que privilegiam a heterossexualidade em detrimento de outras orientações sexuais (heteronormatividade), valores estes que ainda hoje são proliferados, renegando a multiplicidade de culturas, etnias, religiões e orientações sexuais existentes, fazendo germinar preconceitos e ações discriminatórias em relação às diversidades.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A estrutura social, econômica e jurídica que vivenciamos nega direitos fundamentais, limitando o pleno exercício da dignidade da pessoa humana e da cidadania, ao cercear a plena capacidade civil a mulheres, gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, negras (os) e indígenas, entre outros grupos historicamente invisibilizados. Tal dinâmica têm produzido maneiras enrijecidas de enxergar o mundo, o que na maioria das vezes acarreta a cristalização das posições dos sujeitos, bem como a criação de estereótipos, constituindo-se em latente desigualdade social.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Louro (1999) afirma que:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">A escola é uma entre as múltiplas instâncias sociais que exercitam uma pedagogia da sexualidade e do gênero, colocando em ação várias tecnologias de governo. Esses processos prosseguem e se completam através de tecnologias de autodisciplinamento e autogoverno exercidas pelos sujeitos sobre si próprios, havendo um investimento continuado e produtivo desses sujeitos na determinação de suas formas de ser ou "jeitos de viver" sua sexualidade e seu gênero. (p. 25)</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando discussões sobre sexualidade ocorrem no espaço escolar em geral são priorizadas questões referentes à reprodução humana, fazendo assim com que as questões ligadas à sexualidade se limitem à procriação, desvinculando e até ignorando as questões do desejo, e das múltiplas possibilidades de vivência da sexualidade</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em contraposição a esse cenário, as perspectivas atuais de reflexão acerca dos currículos e das práticas escolares, postuladas a partir da LDB n. 9394/96, do Referencial Curricular Nacional, dos Parâmetros Curriculares Nacionais, das propostas e acordos oriundos das Conferências Nacionais, assinalam uma preocupação em relação ao respeito à diversidade e propõe uma leitura crítica da realidade, em que sugere a escuta e produção das identidades dos grupos até o momento silenciados pela dinâmica da sociedade e neste sentido que se justificam ações como o Projeto Escola Sem Homofobia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>O que é este projeto?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É resultado de um esforço de diversas entidades e do governo federal para combater o preconceito, a discriminação e a invisibilização direcionada as pessoas LGBT's no âmbito escolar, e se constitui como uma das ações previstas no Programa Brasil sem Homofobia, o qual tem entre seus objetivos promover a cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, a partir da equiparação de direitos e do combate à violência e à discriminação homofóbicas, respeitando a especificidade de cada um desses grupos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Projeto Escola sem Homofobia (ESH) foi apoiado pelo Ministério da Educação (MEC), contou com a orientação técnica da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do Ministério da Educação e foi impulsionado pela Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, por meio de recursos aprovados pela Emenda Parlamentar da Comissão de Legislação Participativa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Configura-se como uma ação colaborativa de organizações da sociedade civil (rede internacional Global Alliance for LGBT Education – GALE; a organização não governamental Pathfinder do Brasil; a ECOS – Comunicação em Sexualidade; a Reprolatina – Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva; e a ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) sendo pensado e executado pelas mesmas sob acompanhamento do MEC e da SECAD.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O projeto teve em seu bojo a realização de seminários por região do país para construir um perfil da homofobia com participação de profissionais da educação, gestores e sociedade civil, a realização de uma pesquisa sobre a homofobia no ambiente escolar em onze capitais brasileiras, a produção de materiais educacionais abordando o tema da homofobia, lesbofobia e transfobia e a capacitação de técnicos da educação e pessoas do movimento LGBT voltada para instrumentalização acerca do trabalho a ser desenvolvido com o kit.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Mas o que é este Kit?</strong> </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Segundo nota oficial emitida pelas entidades responsáveis pelo projeto, o kit corresponde a um material composto por um caderno; uma série de seis boletins (Boleshs); três audiovisuais com seus respectivos guias; um cartaz; cartas de apresentação para o/a gestor(a) e para o/a educador(a), destinado à formação dos/das professores(as) em geral, com intuito de dar subsídios para que estes trabalhem os temas no ensino médio. Trata-se de um conjunto de instrumentos didático-pedagógicos que visam à desconstrução de imagens estereotipadas sobre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e para o convívio democrático com a diferença, contribuindo para:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">• Alterar concepções didáticas, pedagógicas e curriculares, rotinas escolares e formas de convívio social que funcionam para manter dispositivos pedagógicos de gênero e sexualidade que alimentam a homofobia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">• Promover reflexões, interpretações, análises e críticas acerca de algumas noções que freqüentemente habitam as escolas com tal “naturalidade” ou que se naturalizam de tal modo que se tornam quase imperceptíveis, no que se refere não apenas aos conteúdos disciplinares como às interações cotidianas que ocorrem nessa instituição.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">• Desenvolver a criticidade infanto-juvenil relativamente a posturas e atos que transgridam o artigo V do Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo o qual: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">• Divulgar e estimular o respeito aos direitos humanos e às leis contra a discriminação em seus diversos âmbitos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">• Cumprir as diretrizes do MEC; da SECAD; do Programa Brasil sem Homofobia; da Agenda Afirmativa para Gays e outros HSH e Agenda Afirmativa para Travestis do Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de AIDS e das DST entre Gays, HSH e Travestis; dos Parâmetros Curriculares Nacionais; do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT; do Programa Nacional de Direitos Humanos III; das deliberações da 1ª Conferência Nacional de Educação; do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos; e outras. [2]</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No meu entendimento além dos pontos elencados, acima de tudo este material pode ser uma oportunidade para a escola e os profissionais da educação a partir de instrumentos qualificados construirem ações concretas voltadas a superação da idéia de homogeneidade, relações desiguais, e dos paradigmas que foram ao longo dos anos desenvolvidos na nossa sociedade no que diz respeito às relações de gênero, à diversidade, a sexualidade, na vida social e nos espaços de poder, se constitui como uma possibilidade de fomentar o desenvolvimento humanístico, voltado para uma consciência critica e reflexiva do individuo. Bem como oportuniza os (as) educadores (as) a repensarem o papel que tem cumprido nas suas práticas educativas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Por que a escola precisaria de um material desse?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A instituição escolar tem um papel fundamental de proporcionar ao indivíduo um ambiente favorável para a aprendizagem de modo que aconteça o desenvolvimento desse sujeito, mediante ações significativas, que contribuam para enriquecer o seu conhecimento e potencialize o seu crescimento pessoal. Assim, para que esse processo de construção aconteça, a escola necessita ter uma atuação planejada e intencional para orientar e guiar a aprendizagem do educando, bem como ter clareza de seu papel social frente às diversidades da cultura humana.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Segundo Martins (2001) como conseqüência de uma cultura com concepções bastante rigorosas no que diz respeito à questão de gênero e sexualidade, a escola enfrenta grande dificuldade para lidar com questões de ordem sexual. E apesar de alguns educadores possuírem variados graus de formação e informação muitas vezes se omitem ou se permitem silenciar, desta forma a escola acaba por oferecer pouca oportunidade para reflexão sobre as questões que envolvem a diversidade sexual.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">A discussão acerca da sexualidade no meio escolar assim como na sociedade em geral, ainda é permeada de tabu. Em geral, as pedagogias da sexualidade e do gênero são usadas para ponderar o que é ou não natural, como devem ser exercidas as identidades de gênero e sexual, em função de uma noção heteronormativa do ser humano. Em casos em que a sexualidade é tratada em sala de aula, esta discussão ocorre através de aulas de ciências ou biologia, ou ainda como aponta Fraga (2000) citado por Lima (2006):</div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="font-size: x-small;">Ao se tomar como ponto de análise a forma como os currículos escolares estão estruturados, é possível perceber que as questões relativas à sexualidade não aparecem de maneira explícita. Quando o tema precisa ser tratado, geralmente a instituição educativa recorre aos especialistas da área médica e/ou psicológica, organizando palestras ou oficinas. (p.64)</span></div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">De acordo com a nota oficial das entidades responsáveis pelo projeto, os resultados da pesquisa desenvolvida pelo Projeto Escola Sem Homofobia mostraram que:</div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="font-size: x-small;">“(...) existe homofobia na escola e houve consenso de que as atitudes e práticas de discriminação e violência trazem consequências sérias para os e as estudantes, que vão desde tristeza, depressão, baixa na autoestima, queda no rendimento escolar, evasão escolar e até casos de suicídio foram relatados. A pesquisa também mostrou que embora exista uma política de educação sexual, na opinião de estudantes e de educadores, não há educação sexual de maneira sistemática na escola e não se abordam as diversidades sexuais. Entre os motivos apontados está a falta compreensão sobre a homossexualidade, a falta de preparo de educadores/as sobre o tema sexualidade e diversidades sexuais, o preconceito que existe na escola sobre o tema, o temor da reação das famílias e a falta de materiais para trabalhar o tema. (...) As recomendações feitas incluíram realizar cursos de capacitação para educadores/as sobre o tema e disponibilizar nas escolas materiais que permitam acabar com a homofobia na escola.”</span></div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Dados da UNESCO, citados por Abromovay (2004) comprovam que a intolerância e a falta de conhecimento sobre a diversidade de expressão sexual colocam a escola entre os órgãos que merecem atenção sobre a questão, notadamente quando o preconceito parte dos professores e professoras.</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">A pesquisa “Perfil dos Professores Brasileiros”, realizada pela UNESCO, em todas as unidades da federação brasileira, revelou que para 59,7% dos professores (as) é inadmissível que uma pessoa tenha relações homossexuais e que 21,2% deles tampouco gostariam de ter vizinhos homossexuais. Outra pesquisa, realizada pelo mesmo organismo em 13 capitais brasileiras e no Distrito Federal, forneceu certo aprofundamento na compreensão do alcance da homofobia no ensino básico (fundamental e médio). Constatou-se, por exemplo, que o percentual de professores (as) que declara não saber como abordar os temas relativos à homossexualidade em sala de aula pode chegar a 48%. O percentual de mestres(as) que acreditam ser a homossexualidade uma doença ultrapassa os 20% em muitas capitais”. (Abramovay, 2004)</div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">A pesquisa Política, direitos, violência e homossexualidade: realizada na Parada Gay do Rio de Janeiro de 2004, revelou que a escola é o terceiro ambiente onde os respondentes sofrem discriminação (26,5%) e agressão (10%). A investigação foi realizada pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (Clam), em conjunto com o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) e a Organização Não-Governamental Grupo Arco-Íris (GAI).</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Diversas outras pesquisas desenvolvidas nos últimos dez anos tem assinalado a existência do preconceito, discriminação e invisibilização das e dos LGBT”s na escola, questionando o papel desta e de seus profissionais no que diz respeito a práticas voltadas para emancipação dos sujeitos, entre estas citam-se: o estudo "Revelando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas", publicado em 2009 pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, a pesquisa “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, e também publicada em 2009, a pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: intolerância e respeito às diferenças sexuais publicada em 2009, pela Fundação Perseu Abramo, além dos diversos estudos feitos nos meios acadêmicos e das diversas bibliografias sobre o tema.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Esse cenário alerta para o papel da Educação no combate à homofobia, lesbofobia, bifobia e transfobia, por meio de ações que promovam a construção de uma sociedade justa e equânime e que garantam os direitos humanos, por intermédio da integração das políticas públicas citadas aos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) para a Orientação Sexual, bem como nas propostas oriundas tanto da Conferência Nacional de Educação (2010) quanto da Conferência Nacional GLBT (2008). </div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">A escola ainda reflete o panorama de desconhecimento dessas políticas no que diz respeito a ações práticas, o que dificulta o reconhecimento da homofobia presente no cotidiano e ressalta o despreparo de educadores para lidar com essa situação. E apontam a necessidade de se compreender a diversidade como base da estrutura social e entender que toda a intervenção curricular/ pedagógica tem como finalidade além da produção de conhecimentos, o preparo de cidadãos (ãs) capazes de exercitar socialmente, criticamente e solidariamente as suas ações, assim a discussão sobre identidades de gênero, sexualidade e diversidade sexual na escola representa uma possibilidade de romper com o processo de homogeneização da humanidade, onde a idéia de evolução e o acúmulo de conhecimentos seria um processo universal e natural das coisas.</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>O que está por trás de tudo isso?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Como dito no começo desta conversa um movimento ultraconservador e de cunho religioso de base fundamentalista tem se organizado e proferido discursos nas redes sociais, nos templos religiosos e até mesmo na Câmara e no Senado no sentido de desconstruir a iniciativa inscrita no bojo do Projeto Escola Sem Homofobia, agregando informações carregadas de inverdades, desconhecimento, logrando em suas teses o lugar de perigo aos dissidentes das normais sociais de gênero e sexualidade e principalmente fomentando a negação do direito a cidadania plena das pessoas LGBT’s.</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">O maior opositor do projeto atualmente é o deputado federal Jair Bolsonaro(PP-RJ). Entre os discursos proferidos pelo parlamentar está a defesa em “dar um couro” para “corrigir” um filho “meio gayzinho, em que a violência contra as pessoas LGBT é estimulada, bem como o argumento de que o governo poderia gastar melhor a verba pública em outros projetos, ignorando a importância de combate ao preconceito em um país em que apesar da diversidade de sua composição, a desigualdade e discriminação adquire muitos rostos, caracterizando-se muitas vezes como um local imerso numa cultura da discriminação, na qual relação com as diferenças são manifestadas pelo não reconhecimento dos se considera não somente diferentes, mas, em muitos casos, “inferiores”, por diferentes características identitárias e comportamentos. </div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Esses breves exemplos e tantos outros de podem ser identificados em uma rápida pesquisa na internet nos apontam que por trás destas posturas vemos a disseminação do ódio, do preconceito e da discriminação. Através de argumentos torpes e hostis, está tão somente a negação da essência humana das pessoas LGBT e a negação de seus direitos enquanto cidadãos, por trás desses discursos e movimentações que negam a escola enquanto lócus possível de trabalhar o respeito as diferenças está a proliferação da idéia de inferioridade das pessoas LGBT, contrariando a própria Constituição que sinaliza que todos somos iguais.</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Da parte das organizações do movimento social LGBT, dos estudiosos que combatem o preconceito e discriminação contra pessoas LGBT’s, dos formuladores de políticas públicas e que são sensíveis aos sofrimentos e a lutam contra a opressão causados a essa parcela da população, das instituições e entidades nacionais e internacionais que apoiam o combate a toda forma de discriminação as e os LGBT’s, a movimentação tem sido no sentido de seguir fazendo o enfrentamento a toda forma de opressão, lutar pela garantia de direitos que historicamente têm sido negados, buscar construir junto a sociedade novas bases de valores que desemboquem em uma sociedade que valorize a equidade entre os sujeitos que a compõe, fazer as vozes por tanto tempo silenciadas serem ouvidas.</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Aos (as) profissionais da educação e a escola, cabe a reflexão sobre seu papel frente à superação das discriminações e a desnaturalização das desigualdades, que perpassa pela construção de uma ética fundada no respeito e na cidadania, condição básica para a convivência em grupo. Cabe a assunção da postura política de se apropriar de todo e qualquer instrumento que possa contribuir com sua prática no sentido de contribuir para desconstrução das relações desiguais que são desenvolvidas na escola e na sociedade.</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dinis e Cavalcanti (2008) sinalizam que:</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="font-size: x-small;">O desafio está em uma nova educação que questione os aspectos heteronormativos presentes na formação de nossas identidades sexuais e de gênero, ajudando os/as educandos/educandas a descobrir o campo dos limites e das possibilidades impostas a cada pessoa quando se submete aos estereótipos que são atribuídos a uma identidade fixa sexual e de gênero. É importante aprender que não existe uma verdade única e universal sobre a sexualidade, o que exige revermos os mecanismos de saber-poder que constituem a própria sexualidade, muitas vezes através de perspectivas biologizantes e essencialistas. Compor uma nova ética na educação que nos possibilite reinventar novas relações com nossos corpos, com nossos prazeres e com as outras pessoas. Ser afetado pelas inúmeras possibilidades de ser e existir no mundo, para além de verdades absolutas, tentando fazer da vida um eterno processo de criação da diferença. (p.108)</span></div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">O que está por trás do Kit de Materiais Educativos do Projeto Escola sem Homofobia é, portanto um posicionamento contra processos de colonização e dominação, é a luta constante pela delimitação de um princípio radical da educação pública e democrática: a escola pública se tornará cada vez mais pública na medida em que compreender o direito à diversidade e o respeito às diferenças como um dos eixos norteadores da sua ação e das práticas pedagógicas.</div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>REFERÊNCIAS</strong></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">ABRAMOVAY, M. Juventudes e sexualidade./ Miriam Abramovay, Mary Garcia Castro e Lorena Bernadete da Silva. Brasília: UNESCO Brasil, 2004.</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">DINIS, Nilson Fernandes; CAVALCANTI, Roberta Ferreira. Discursos sobre homossexualidade e gênero na formação em pedagogia. Pro-Posições, Campinas, v. 19, n. 2, ago. 2008. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072008000200008&lng=pt&nrm=iso</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">LIMA, Francis Madlener de. O discurso sobre a homossexualidade no universo escolar: um estudo no curso de licenciatura em educação física. (2006) Disponível em:http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/7607/1/Lima.Francis_Dissertacao.pdf</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">LOURO, Guacira L. Gênero sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1999</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">MARTINS, Vicente. A homossexualidade no meio escolar. (2001) Disponível em: www.psicopedagogia.com.br/artigos</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Informações sobre Projeto ESH – www.ecos.org.br/projetos/esh.asp</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Informações sobre organismos que emitiram apoio ao Kit e ao Projeto –</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://www.ecos.org.br/projetos/esh/esh_apoios.asp">http://www.ecos.org.br/projetos/esh/esh_apoios.asp</a></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><strong>NOTAS</strong></div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">________________________________________</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">[1] Sigla re-definida na I Conferência Nacional GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) (2008) para designar Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros.</div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">[2] Trechos retirados da Nota Oficial sobre Projeto Escola sem Homofobia emitida pelas entidades organizadoras.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">• Taisa Ferreira é Pedagoga, Militante do Coletivo Estopim e do Coletivo Kiu, Ativista da Associação Beco das Cores e Membro Titular no Comitê Estadual LGBT/BA - taysynha18@yahoo.com.br</div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9q3KdHnKbefivokB3g7A7-_ravI7jT7yOdV6zeOpN56nDvTxJoTDQRv_jMn4TDTfBL_YlIhXdEZ-LNme7E-aP2Sq9wysqrmy_ivEoMuB1bxPdd7ffqKC8KlYn4ZWmYiNIxU2T9Jxow9MZ/s1600/ESH.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a></div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-57289811571057845692011-03-12T13:37:00.000-08:002011-03-12T13:37:40.584-08:00ABGLT lança Manisfesto chamando a II Marcha Nacional Contra a Homofobia<strong>Fonte: Lista das Afiliadas da ABGLT</strong><br />
<br />
<br />
Manisfesto a II Marcha Nacional Contra a Homofobia <br />
“Nada é mais forte que uma ideia cujo tempo chegou”. Vitor Hugo<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Igualdade de direitos. Fim da discriminação. Fim da violência. Cidadania plena. Reconhecimento. Respeito. Essas são as nossas reivindicações. Somos milhões de brasileiras e brasileiros, ainda excluídos da democracia e ignorado pelas leis do país.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Somos lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), de todos os cantos do país, de todas as profissões, de todos credos, de todas raças, de todos sotaques, de todas opiniões, de todas etnias, de todos gostos e culturas. Mas temos algo em comum. Não usufruímos nossos direitos pelo simples fato de termos uma orientação sexual ou identidade de gênero diferente da maioria. Somos milhões de cidadãos /ãs de “segunda classe “ em nosso Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Faz 22 anos que o Brasil se democratizou e promulgou a “Constituição Cidadã”. Entretanto, em todo esse período, nossa jovem democracia não foi capaz de incorporar a população LGBT. Até hoje não existe sequer uma lei que assegure nossos direitos civis. Não existem leis que nos protejam da violência homofóbica.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A homofobia não é um problema que afeta apenas a população LGBT. Ela diz respeito também ao tipo de sociedade que queremos construir. O Brasil só será um país democrático de fato se incorporar todas as pessoas à cidadania plena, sem nenhum tipo de discriminação. O reconhecimento e o respeito à diversidade e à pluralidade constituem um fundamento da democracia. Enquanto nosso país continuar negando direitos e discriminando lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais não teremos construído uma democracia digna desse nome.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por essa razão é que a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT, convoca e coordenará todos os/as ativistas de suas 237 ONGs afiliadas e pessoas e organizações aliadas à II Marcha Nacional contra a Homofobia, a ser realizada na cidade de Brasília , em 18 de maio de 2011, com concentração às 9h, na Esplanada dos Ministérios, em frente à Catedral Metropolitana.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O dia 17 de maio é comemorado como o dia internacional contra a homofobia (ódio, agressão, violência, discriminação e até morte de LGBT). A data marca uma vitória histórica do Movimento LGBT internacional. Foi quando a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade do Código Internacional de Doenças.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vamos a Brasília, novamente, para denunciar a homofobia, o racismo, o machismo e a desigualdade social. Temos assistido nos últimos meses ao recrudescimento da violência homofóbica, a exemplo do que ocorreu recentemente em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Ceará, no Paraná e em Minas Gerais. Chama a atenção o fato de que muitos dos agressores não pertencem a grupos de extrema-direita violentos, mas são jovens de classe média, o que demonstra como a homofobia está amplamente difundida em toda sociedade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Brasil está mudando. Elegemos um operário e agora uma mulher presidenta da República, que coloca como meta central de seu governo a erradicação da extrema pobreza. A sociedade brasileira não é contra o reconhecimento dos direitos LGBT. A grande oposição à cidadania LGBT vem dos fundamentalistas religiosos. Algumas denominações evangélicas e parte da igreja católica dedicam esforços imensos a atacar permanentemente a comunidade LGBT e bloquear qualquer ação que garanta direitos a essa população.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O Brasil é um país plural e diverso, que respeita todas os credos e religiões, contudo nosso Estado é laico – separamos a religião da esfera pública, isso está garantido constitucionalmente. O movimento LGBT defende a mais ampla liberdade religiosa. Respeitamos todos os credos e opiniões, mas, entendemos que crenças religiosas pertencem à esfera privada - individual ou comunitária. Religião é uma escolha, a cidadania não!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não aceitamos que dogmas religiosos sejam usados como justificativas para o preconceito e negação de direitos aos LGBT. É preciso assegurar a laicidade do Estado e garantir o respeito à diversidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A II Marcha Nacional ontra a Homofobia é, portanto, um grito, um protesto, um manifesto de respeito aos direitos individuais e coletivos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Queremos igualdade de direitos e políticas públicas de combate à homofobia. Reivindicamos que o Estado brasileiro, de conjunto (ou seja, os três poderes), e em todas as esferas da federação (União, Estado e municípios) incorporem a diretriz de combater a homofobia e promover a cidadania plena para a população LGBT.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Defendemos que:</div><div style="text-align: justify;">- o Estado laico seja assegurado, sem interferência dos fundamentalismos religiosos;</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- o Governo Federal acelere a implementação do Plano Nacional de Promoção dos Direitos Humanos e Cidadania de LGBT, garantindo recursos orçamentários e o necessário controle social e accountability na sua execução, promovendo a diminuição da homofobia;</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- todos governos estaduais e municipais instituam : coordenadorias LGBT, Conselhos LGBT e Planos de Combate à Homofobia;</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- o Congresso Nacional aprove a criminalização da homofobia (PLC 122), a união estável e o casamento civil; a alteração do prenome das pessoas transexuais, o reconhecimento do nome social das travestis;</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- o Judiciário, em todos os níveis, faça valer a igualdade plena entre todas as pessoas, independente de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero; </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- o Superior Tribunal de Justiça reconheça como entidades familiares as uniões entre pessoas do mesmo sexo;</div><div style="text-align: justify;">- o Supremo Tribunal Federal julgue favoravelmente às Ações que pleiteiam a união estável entre pessoas do mesmo sexo e o direito das pessoas transexuais alterarem seu prenome.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na ocasião da II Marcha, convidamos a todas e todas para participar do VIII Seminário LGBT no Congresso Nacional, a ser realizado no dia 17 de maio – Dia Internacional Contra a Homofobia – no auditório Nereu Ramos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Março de 2011</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-15634827202094981262011-03-11T12:58:00.000-08:002011-03-11T12:58:39.164-08:008 de março<div style="text-align: justify;">Fonte: oestopimba.blogspot.com</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">por Taisa Ferreira*</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A sociedade ocidental é historicamente marcada pela intensa produção e reprodução de hierarquias e desigualdades pautadas nas diferenças de gênero. Assim, neste breve ensaio de escrita, nesta data (08/03) duplamente simbólica: comemoração do dia internacional das mulheres e meu aniversário - gostaria de dialogar sobre a construção social das diferenças de gênero, a posição das mulheres na sociedade ao longo dos anos no enfrentamento às desigualdades centradas nestas diferenças.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desde o surgimento das sociedades humanas, houve a definição de papéis para os homens e para as mulheres e a divisão do trabalho foi articulada baseada no fator sexual, marcada desde sempre pela capacidade reprodutora da mulher, o fato de gerar o filho e de amamentá-lo. Na fase pré-capitalista, todos trabalhavam numa mesma unidade econômica de produção e o modelo de família era multigeracional. Segundo Adriana Bessa em seu texto O papel da mulher na sociedade, o mundo do trabalho e o mundo doméstico eram coincidentes. A função de reprodutora da espécie, que cabe à mulher, favoreceu a sua subordinação ao homem. E esta foi sendo considerada mais frágil e incapaz de assumir a direção e chefia do grupo familiar. O homem, associado à idéia de autoridade devido a sua força física e poder de mando, assumiu o poder dentro da sociedade. Assim, surgiram as sociedades patriarcais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Com o “grande advento” das sociedades fundadas no poder masculino, a sexualidade da mulher submeteu-se cada vez mais aos interesses do homem, tanto no repasse dos bens materiais, através da herança, como na reprodução da sua linhagem. A mulher passou a ser do homem, devendo ser submissa a este.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nesse sentido trago um olhar sobre a concepção de gênero como um elemento que em nossa sociedade é demarcador das relações de poder entre masculino e feminino.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A cultura reproduz tradições que sustentam as diferenças, as desigualdades e a determinação dos papeis sociais de homem e mulher se produzem e reproduzem nos mais distintos espaços sociais, construindo limites ao que cabe a cada um na atuação frente ao meio social. Sabemos que toda e qualquer desigualdade é construída culturalmente, a partir das expectativas que a sociedade institui para os sujeitos, todavia é também neste espaço de disputa de poder, de discriminações, opressões, em que a mulher corriqueiramente é inferiorizada, que a sua luta se fortalece.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Assim, com o desenvolvimento das sociedades industriais, a mulher das camadas populares foi submetida ao trabalho fabril. No século XVIII e XIX o abandono do lar pelas mães que trabalhavam nas fábricas levou a sérias conseqüências para a vida das crianças. A desestruturação dos laços familiares, das camadas trabalhadoras e os vícios decorrentes do ambiente de trabalho fez crescer os conflitos sociais. A revolução industrial incorporou o trabalho da mulher no mundo da fábrica, separou o trabalho doméstico do trabalho remunerado fora do lar. Eis que surge a instauração da desigualdade de condições no mundo do trabalho, haja vista que a mulher foi incorporada subalternamente ao trabalho fabril. Assim, nasceu a luta das mulheres por melhores condições de trabalho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ao longo da história, a sociedade nomeou (e ainda nomeia) corpos dotados e os não-dotados de poderes que são vividos, produzidos e legitimados como "naturais". Portanto somos uma sociedade dicotomizada, sendo aos homens sempre concedido uma posição de privilégios em relação à mulher, e muitas vezes as suas diferenças biológicas serviu de base para naturalização das desigualdades.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O discurso científico foi utilizado por muito tempo para lograr reforço as diferenças pautadas nas diferenças de gênero. Retomando a história da construção social do sexo veremos que até o séc. XVIII acreditava-se em sexo único e que o feminino era “imperfeito”, pois não recebera a quantidade necessária de calor vital para seu desenvolvimento completo. O que já remete ao preconceito e inferioridade da mulher.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Toda essa teoria se baseia na ciência e no estudo dos animais, já que os jacarés têm seu sexo definido pelo calor recebido. Charles Darwin dizia que o indivíduo melhor adaptado ao meio era o mais apto a perpetuar sua espécie. A própria medicina também apontava diferenças nos esqueletos masculinos e femininos e atribuía características peculiares a cada gênero. Em função de discursos como estes, as mulheres de um modo geral ainda hoje são vistas como: frágeis, meigas, consumidoras histéricas e, sobretudo: mãe! Já os homens são fortes, desbravadores, consumidores de carros ou algo que potencializa sua força, firmes, decididos e pai como reprodutor "garanhão". </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Bila Sorj, estudiosa do campo do Gênero nos afirma que:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><strong>Gênero significa então que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos.</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O gênero é produzido e reproduzido dentro de processos de diferença e está presente em todos os níveis sociais, sejam eles, escola, religião, mercado de trabalho, política, entre outros. A socialização de gênero, que está associado à abordagem individualista, enfatiza a polarização de gênero, ou seja, a separação/fronteiras entre homens e mulheres e seus papéis na sociedade. Há uma imposição onde tudo aquilo que está associado ao homem é superior ou o que é adequado para um gênero não é para o outro.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não é por acaso que as posições de homens e mulheres no mercado de trabalho refletem a existência de desigualdades, onde, por exemplo, postos de direção e gerência em grande parte são ocupados por homens e as diferenças salariais são bastante significativas entre homens e mulheres. E sabemos que esta divisão de tarefas acompanha a humanidade desde a sua origem, mas felizmente tem sido contestada vigorosamente nas últimas décadas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já no século XIX temos noticia de movimento de mulheres reivindicando direitos trabalhistas, igualdade de jornada de trabalho para homens e mulheres e o direito de voto. Com sua incorporação ao mundo do trabalho fabril a mulher passou a ter uma dupla jornada de trabalho. A ela cabia cuidar dos (as) filhos (as), dos afazeres domésticos e também do trabalho remunerado (situação ainda não muito diferente de hoje). As mulheres pobres sempre trabalharam. A remuneração do trabalho da mulher sempre foi inferior ao do homem. A dificuldade de cuidar dos (as) filhos (as) levou as mulheres a reivindicarem mais escolas, creches e pelo direito da maternidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ao retomarmos a história perceberemos que desde muito tempo as mulheres buscam superar a situação de desigualdade que lhe foi imposta. No século XX as mulheres começaram uma luta organizada em defesa de seus direitos. A luta das mulheres contra todas as formas de opressão a que eram submetidas foi denominada de feminismo e a organização das mulheres em prol de melhorias na infra-estrutura social foi conhecida como movimento de mulheres.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Citando alguns exemplos de lutas das mulheres no século XX, podemos enumerar dessa forma: as mulheres que lutavam pelo acesso a educação e o direito ao exercício da intelectualidade, visto que estes eram negados ou utilizados no sentido de reforçar a submissão ou uso da mulher apenas como um adorno do marido; podemos resgatar as mulheres no processo de luta na Revolução de 1917 (a Rússia foi o primeiro ais a instituir o direito ao divórcio e ao sufrágio feminino universal); as mulheres que lutaram por direitos trabalhistas justos, dando origem ao nosso 08 de março; podemos resgatar ainda as sufragistas, que pautavam o direito de votar e serem votadas, o direito de exercer sua cidadania, a qual era restrita antes, passando pelo questionamento da assimetria de gênero, o papel que a mulher exercia na sociedade, ao confinamento na esfera doméstica.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Outro fator foi aparecimento da pílula anticoncepcional que permitiu a mulher um maior exercício de autonomia sobre seu corpo, sobre o sexo e a possibilidade de escolher e planejar o melhor momento para maternidade ou mesmo a não maternidade. As mulheres começaram a se organizar sob viés de defesas em que sinalizaram: somos diferentes, mas não desiguais. Atualmente um dos pontos de luta em que as mulheres tem se engajado é o combate a já citada, violência doméstica, a qual mesmo com a criação da Lei Maria da Penha, das delegacias especializadas, infelizmente ainda é muito comum. Paralelamente isso existe a pauta pelo pleno exercício dos direitos sexuais e reprodutivos, democratização da vivência da sexualidade e luta pela descriminalização ou legalização do aborto, bem como luta pela ampliação da participação das mulheres na vida política, a qual em nosso país ainda tem sido cercada de hierarquizações, preconceitos e discriminações.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Há um grande avanço da conquista social da mulher no que diz respeito aos direitos, todavia, há muito a ser mudado. Por exemplo: a mulher vem conquistando gradativamente seu espaço no mercado de trabalho, seu espaço no meio acadêmico, na política (afinal já temos até uma mulher na presidência), mas, e os afazeres domésticos, e a educação dos filhos e a equidade salarial e de oportunidades, e o surto cada vez maior de violência contra mulher que assola este país?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Apesar da existência de políticas públicas de saúde, educação, trabalho e renda específicas para mulher aos poucos estarem sendo construídas no sentido de garantir igualdade entre mulheres e homens, ainda assistimos cenas de barbárie onde a mulher é apenas uma mercadoria humana – sendo vendida, acorrentada, castigada e morta – assemelhando-se ao tratamento dado aos escravos na era do colonialismo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Cabe ressaltar ainda que ao longo dos anos de enfrentamento a sua posição na sociedade a heterogeneidade que compõe as mulheres logrou também heterogeneidade nas bandeiras de luta, haja vista as lutas das mulheres negras, das mulheres lésbicas e das mulheres transexuais, das mulheres indígenas e camponesas, que trazem a tona singularidades na assunção de suas vozes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Todavia cabe nesse cenário que se apresenta no século XXI, é preciso que o aporte emancipatório seja expandido e que cada vez mais as mulheres, jovens, meninas ou adultas vivenciem a independência feminina e a conquistemos verdadeiramente com equidade de direitos e oportunidades, fazendo com que essas conquistas cheguem a toda a mulher independente da posição financeira ou acadêmica. É essencial que cada mulher tenha construída em si a consciência sobre seu papel.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Direito ao voto, direito a educação, direito a se manifestar publicamente, direito de ir e vir, direito sobre seu corpo e sexualidade. A mulher deixou de ser tutelada e vem logrando sua emancipação rompendo as barreiras do machismo, do sexismo, lutando por contra toda forma de dominação ao seu exercício de cidadania. Claramente essas mudanças transformaram e transformam o cotidiano e comportamento de toda sociedade partindo do pressuposto de que toda mudança cultural reflete na mudança de atitudes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como disse lá no comecinho dessa conversa, é no cotidiano da casa, do bairro, da escola, da escola, da empresa, das cidades, que estão materializados os efeitos da dominação, da exploração e da injustiça social. E aí onde a desigualdade se reproduz como parte da existência humana, mas é aí também que os movimentos de lutas cotidianas, quase sempre invisíveis, tomam forma como parte dessa existência. A luta feminina é uma constante busca pela construção de novas bases de valores sociais e culturais, é uma luta pela verdadeira democracia, a qual deve centrar-se na equidade entre homens e mulheres fazendo avançar para a igualdade entre todos os seres humanos, suprimindo as desigualdades de classes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Finalizo essa breve escrita, saudando a todas nós mulheres pela sempre presente força na luta por espaços equitativos. Parabenizando pelo 8 de março e lembrando que todos os dias são passiveis de serem 8 de março, uma vez que a luta é continua e cotidiana. Aproveito ainda para convidar todos os homens a se somarem a esta luta no sentido de ressignificar conjuntamente o sentido da vida em sociedade.</div><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
* Taisa é Militante do Estopim!, pedagoga e especializanda em Gênero e Sexualidade pela UERJ.Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-30365210796072472582011-02-21T22:58:00.000-08:002011-02-21T22:58:01.512-08:00Não quero voltar sozinho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/1Wav5KjBHbI?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-65971203004039849132011-02-21T22:54:00.000-08:002011-02-21T22:54:03.762-08:00Pesquisa afirma: Transexualismo não está associado a personalidade psicótica<span style="color: blue;">FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/874278-transexualismo-nao-esta-associado-a-personalidade-psicotica.shtml</span><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">A participação de uma transexual em um dos programas de maior audiência da televisão brasileira --a cabeleireira Ariadna Arantes no Big Brother Brasil, da Rede Globo--, reascendeu a discussão sobre a condição. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Um estudo apresentado no Instituto de Psicologia da USP aponta que o transexualismo não está associado à personalidade psicótica, em contraposição à teoria lacaniana desenvolvida nos anos 1950. De acordo com a teoria, psicanalistas acreditavam que a perda da noção da realidade do corpo faria com que um homem se enxergasse mulher e vice-versa. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Segundo o estudo "Transexualismo, psicanálise e gênero: do patológico ao singular", a vontade de ser do sexo oposto não implica necessariamente uma patologia ou uma disfunção de percepção da aparência, mas uma singularidade de algumas pessoas. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O autor da pesquisa, o psicólogo Rafael Cossi, trabalhou com diversas noções da psicanálise lacaniana para tentar explicar por que algumas pessoas buscam viver suas vidas como se fossem do sexo oposto. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Ele baseou o estudo em seis biografias de transexuais e trabalhou quatro conceitos que estão vinculados ao funcionamento comum da mente humana e não se relacionam com a noção da rejeição: estágio do espelho; o verleugnung (do alemão, "renegação" ou "desmentido"); o semblante; e o sinthoma. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O estágio do espelho está relacionado à formação inicial do ego da pessoa. No caso de transexuais, há momentos, no início da vida, em que a criança percebe que o tratamento que ela recebe do outro não é, sob o seu ponto de vista, coerente com o seu sexo. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">"Às vezes, há hesitações por parte do outro, não confirmando para a criança que ela pertence ao sexo que o seu corpo indica", explica o psicólogo. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">A noção de verleugnung implica negar a presença de algo, mesmo reconhecendo sua existência. "O transexual não alucina que seu corpo é o do outro sexo. Ele o reconhece de fato como é, mas nega isso e recorre à realização de intervenções cirúrgicas, para adequar sua anatomia à sua identidade sexual", diz Cossi. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O semblante, terceiro conceito que o autor sustenta, diz respeito à noção de aparência. "O transexual faz o semblante de que existem personalidades masculina e feminina claramente definidas e incorpora rigidamente uma delas. Por meio dessa atitude, quer se mostrar como uma mulher legítima presa em um corpo de um homem ou vice-versa. A encarnação deste estereótipo é condição fundamental para que o transexual possa ser reconhecido como tal e lhe seja permitido realizar a cirurgia de mudança de sexo", aponta o pesquisador. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Por fim, o conceito de nome sinthoma é útil porque reconfigura, a partir dos anos 1970, a clínica psicanalítica lacaniana, esvaziando seu caráter patologizante. O psicólogo diz que os casos de transexualismo não devem ser encaixados automaticamente em padrões que, inevitavelmente, condenam os sujeitos que não se enquadram no modelo heterossexual ao campo da patologia. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: black;">CIRURGIA PLÁSTICA</span> </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Segundo Cosi, tratar o transexualismo como uma singularidade de cada pessoa é entender a personalidade de cada uma delas e fugir dos estereótipos. </span><br />
<span style="color: orange;"><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span><br />
<span style="color: orange; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">"Transexual não é apenas a pessoa que solicita a cirurgia de mudança de sexo. Há homens que vivem como mulheres e mulheres que vivem como homens mesmo com o órgão sexual oposto. Eles lidam bem com isso e sentem que não precisam fazer a cirurgia. Para muitos deles, sua redesignação civil, a mudança de nome, já lhes é suficiente, assim como o reconhecimento e o respeito do outro." </span>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-6329315232857310182011-02-21T22:51:00.001-08:002011-02-21T22:51:47.977-08:00Definido o tema do IX ENUDS ( Salvador) será:<br />
<br />
<br />
<br />
"RAÇA E RELIGIOSIDADES: ABRANGENDO AS FRONTEIRAS DA DIVERSIDADE SEXUAL!"Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-44317299644901332752010-08-23T18:12:00.000-07:002010-08-23T18:17:09.891-07:004º UNIVERSIDADE FORA DO ARMÁRIO - UFA<div style="text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTHH80FRugzbN8Bet3EnrjqpJ3uQNQG6X0C-hJJdEyLyfYydGLnuo2Ea2dmoId20QaNhzPP_s7dWqVakV6mMBm3UyQYHgAg0ghvc54JWeSuNtS_cmS2wGK4ZpKzQPcTp9PngcOXn787ZIU/s1600/cartaz+net+blog+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="233" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTHH80FRugzbN8Bet3EnrjqpJ3uQNQG6X0C-hJJdEyLyfYydGLnuo2Ea2dmoId20QaNhzPP_s7dWqVakV6mMBm3UyQYHgAg0ghvc54JWeSuNtS_cmS2wGK4ZpKzQPcTp9PngcOXn787ZIU/s320/cartaz+net+blog+2.jpg" width="320" /></a></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: red; font-size: large;"><span style="font-size: x-large;">PROGRAMAÇÃO DO UFA! EM SALVADOR</span> </span></div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><br />
<ul><li> <strong>ABERTURA, Local: a confirmar</strong></li>
</ul><strong></strong><br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"></div><br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><strong>QUARTA-FEIRA, 08.09, 17H</strong></div><br />
<div></div><span style="color: orange;">TEMA: ACADEMIA E MILITÂNCIA: CONSTRUINDO POLÍTICAS LGBT NA UNIVERSIDADE</span><br />
<br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"></div><br />
<ul><li><strong>FACULDADE DE DIREITO DA UFBA</strong></li>
</ul><br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><strong>QUINTA-FEIRA, 09.09, 09H</strong></div><br />
<div> </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">TEMA: SEXUALIDADE E DIREITOS CIVIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA: AVANÇOS E RETROCESSOS</div><br />
<div> </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><strong>QUINTA-FEIRA, 09.09, 18H</strong></div><br />
<div> </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">TEMA: A CONDIÇÃO DA DOMINAÇÃO HOMOFÓBICA NOS AMBIENTES PRISIONAIS</div><br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"> </div><strong>SEXTA-FEIRA, 09.09, 09H</strong><br />
<br />
<div> </div>TEMA: Construindo a cidadania de pessoas vivendo com HIV/AIDS<br />
<br />
<div> </div><br />
<div></div><ul><li><strong>PAVILHÃO DE AULAS DO CANELA (PAC) DA UFBA</strong></li>
</ul><br />
<div> </div><strong>SEXTA-FEIRA, 09.09, 09H</strong><br />
<br />
<div> TEMA: Construindo um Ensino que Dialogue com a Diversidade</div><br />
<div> </div><ul><li><strong>FACULDADE DE COMUNICAÇÃO DA UFBA</strong></li>
</ul><br />
<div> <strong>QUINTA-FEIRA, 09.09, 10H30</strong></div><br />
<div> TEMA: CONSTRUINDO MÍDIAS PRO-LGBT</div><br />
<div> </div><strong>QUINTA-FEIRA, 09.09, TARDE (14H)</strong><br />
<br />
<div> LANÇAMENTO DO MANUAL DE COMUNICAÇÃO DA ABGLT</div><br />
<div></div><div></div><br />
<ul><li> <strong>FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DA UFBA</strong></li>
</ul><br />
<div> <strong> </strong></div><strong>QUINTA-FEIRA, 09.09, 09H</strong><br />
<br />
TEMA: A LUTA FEMINISTA NO MOVIMENTO LGBT<br />
<br />
<div> </div><strong>SEXTA-FEIRA, 10.09, 09H</strong><br />
<br />
<div> TEMA: PORTARIA 220/09: RECONHECENDO DIREITOS LGBT NA CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL</div><br />
<div> </div><br />
<ul><li><strong>FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UFBA</strong></li>
</ul> <br />
<strong>QUINTA-FEIRA, 09.09, 09H</strong><br />
<br />
<div> TEMA: O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA CONSTURÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA</div><br />
<br />
<strong>SEXTA-FEIRA, 10.09, 09H</strong><br />
<br />
<div> TEMA: PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA</div><br />
<div> </div><ul><li><strong>PAF III / IHAC</strong></li>
</ul><br />
<div><strong> QUINTA-FEIRA, 09.09, 09H</strong></div><br />
<div> TEMA: O MOVIMENTO LGBT – UMA HISTORIA DE LUTA E MILITANCIA POR CIDADANIA</div><br />
<div> </div><strong>SEXTA-FEIRA, 10.09, NOITE, 17H30 AS 18H30</strong><br />
<br />
<div> </div>LANÇAMENTO DA CAMPANHA "TEM MULHERES NA PARADA!"<br />
<br />
<div> </div><ul><li><strong>BIBLIOTECA CENTRAL UFBA</strong></li>
</ul> <br />
<strong>QUINTA-FEIRA, 09.09, TARDE, 15H</strong><br />
<br />
<div> </div>TEMA: POLÍTICAS E AÇÕES AFIRMATIVAS PELA DIVERSIDADE SEXUAL<br />
<br />
<div></div><strong>SÁBADO, 11.09., A PARTIR DAS 15H</strong><br />
<br />
<div></div><div> FEIRA CULTURAL PELA DIVERSIDADE SEXUAL ( EXPOSIÇÕES, MOSTRAS DE FOTOS, POEMAS, MUSICAIS, OFICINAS, TEATRO DO OPRIMIDO E DIVERSAS AÇÕES.)</div><br />
<div></div><ul><li><strong>ESCOLA POLITECNICA DA UFBA</strong></li>
</ul> <br />
ALMOÇO, SEXTA-FEIRA, 12H<br />
<br />
<div> </div>14H, OFICINA DE BATUCADA DO NÚCLEO DA MARCHA MUNDIAL DE MULHERES/UFBA + INICIO DA I PARADA PELA DIVERSIDADE SEXUAL DA UFBA.<br />
<br />
ROTEIRO DA PARADA: POLITECNICA + ARQUITETURA + IGEO + IFIS + IQUI + IFARM + PAFI + IBIO + FACOM + LETRAS + PAFIII<br />
<br />
<div> </div><div></div><ul><li><strong>UNIJORGE </strong></li>
</ul><strong>SEXTA-FEIRA, 10.09, 09H</strong><br />
<br />
TEMA: O PROTAGONISMO JUVENIL NA CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS LGBTTaisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-17893723315211839982010-06-13T10:20:00.000-07:002010-06-13T10:20:29.682-07:003ª Mostra Possiveis Sexualidades<div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">Em meio a olhares atentos, sorrisos expostos e muita expectativa a abertura da, foi marcada pela presença de diversas pessoas da cena LGBT baiana, entre artistas, estudiosos, militantes, curiosos, todos admiradores da 7ª arte e das possibilidades que a mesma tem de contribuir com a desmitificação e ressignificação acerca da sexualidade e do mundo LGBT.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">O curador da mostra, Rodrigo Barreto, fez uma contextualização histórica acerca do evento , sobre as inovações da 3ª Mostra e posteriormente convidou os apoiadores do projeto a realizarem sua saudação. Todos falaram de suas expectativas em relação a 3ª Mostra e sobre elementos especificos de suas realidades na luta pro-LGBT.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">Assim o representante da Caixa Cultural, falou além de suas expectativas em relação a mostra sobre os elementos que motivam a Caixa Cultural apoiar essa iniciativa. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">Nildes Sena da Secretária de Cultura, falou sobre os editais voltados a cultura LGBT lançados pela Secretaria de Cultura, em 2009 e em 2010, ressaltando a importância de tais inicativas junto a comunidade LGBT.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">Rafael Saar, diretor dos curtas A Carta e Depois de Tudo, falou da sua satisfação em estar na mostra e sobre os videos a serem exibidos posteriormente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">Danilo Bitencourt - da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, sobre a parceira da Sec. de Justiça junto as demandas LGBT's e a instauração do Comitê LGBT.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">Luiz Mott, ativista do movimento LGBT além da saudação a inicitiva, expressou a insatisfação do GGB em não compor o Comitê Estadual de Promoção dos Direitos e Cidadania LGBT, bem como fez uma fala questionadora sobre as ideias propagadas pela teoria queer e os criterios de propostas contempladas pelos editais da Sec. de Cultura.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">A vereadora Olivia Santana, parabenizou os responsáveis pela Mostra, afirmou saber que a ajuda concedida pela Camâra Municipal está aquem do necessário, mas reforçou o compromisso em seguir com a luta contra a homofobia em prol dos direitos LGBT's, apresentando inclusive experiencias pessoais que denotam sua sensibilidade junto a importância do respeito a pessoa LGBT.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">A exibição de A carta, primeiro curta durante a graduação de Rafael, o qual apresenta a história de Felipe, jovem em processo de descoberta de sua sexualidade e que enfrenta a não aceitação de sua homosssexualidade pelo pai e Depois de Tudo, ultimo filme durante a graduação em Cinema na UFF do diretor, que aborda a relação homossexual de um casal maduro, encerrou a brilhantemente abertura de portas da 3ª Mostra de Possiveis Sexualidades.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;">Nos dias que se seguem a 3ª Mostra segue com ricos debates e exibições de curtas e longas na Caixa Cultural, no Instituto Cervantes e na Sala de Arte do Museu.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: orange;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-11585694909304954712010-06-08T22:14:00.000-07:002010-06-08T22:31:07.699-07:00As bandeiras LGBT's e exemplos de conquistas no país<div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizKGPu7m2bJ4AmsXCH8W4tWuT9BCIYpPqMdCmtL515OcHHZl1JESwAdgA1XMfAbbijWVsjNgweAYXc9zqrTqmItEBO3TCazHDEZEf7eKd1WBBdWgBsbUXq2cYuvxBA9Jah4OomO8dm4AT7/s1600/69951.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" qu="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizKGPu7m2bJ4AmsXCH8W4tWuT9BCIYpPqMdCmtL515OcHHZl1JESwAdgA1XMfAbbijWVsjNgweAYXc9zqrTqmItEBO3TCazHDEZEf7eKd1WBBdWgBsbUXq2cYuvxBA9Jah4OomO8dm4AT7/s320/69951.jpg" /></a></div><strong>Adoção</strong><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #009900;">Em abril deste ano, um casal de homens conseguiu na justiça o direito de ter ambos os nomes constando como pai na certidão de nascimento de sua filha adotiva, que até então era registrada por apenas um deles. Pouco antes, um casal de mulheres também havia conquistado o direito sobre duas crianças já adotadas.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Casamento </strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #009900;">A união civil homossexual não é garantida pela Constituição, que estabelece, no artigo 226, a “união estável entre homem e mulher como entidade familiar”. Mas é possível registrar, em cartório, uma Escritura Pública Declaratória de Relação de Fato em União Homoafetiva, que resguarda alguns direitos do casal, como inclusão do parceiro como beneficiário no INSS e divisão de bens em caso de separação.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Criminalização da homofobia</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #009900;">O Projeto de Lei 122/2006 está em tramitação no Senado. O projeto torna crime a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero - equiparando essa situação à discriminação de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, sexo e gênero, ficando o autor do crime sujeito a pena de até 5 anos, reclusão e multa Também será considerado crime proibir manifestações de afeto entre homossexuais em locais públicos.</span></div><div style="text-align: justify;"><strong>Plano de Saúde</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #009900;">Este mês, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) passou a obrigar todas as empresas de seguro e planos de saúde a aceitar como dependentes os parceiros do mesmo sexo, da mesma forma que aceitam parceiros de relações heterossexuais em união estável.</span></div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-75761899622914102652010-06-08T22:09:00.000-07:002010-06-08T22:32:06.714-07:00“Papai é gay, meu filho”<div align="justify"><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXmg8xr_aKh1cym1UgJOyVYSGoGeCft_66UR3hL-5Ao7HgSUBtsQjpTh3J4VE3rCRDpLILF0cAZldF0qzXnVOeLnwN_7cL-pTQT8jb8VU9Cdnv5WWmk01MliZElsHz0tkyi1bLW2Ibhq2H/s1600/1648024.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="204" qu="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXmg8xr_aKh1cym1UgJOyVYSGoGeCft_66UR3hL-5Ao7HgSUBtsQjpTh3J4VE3rCRDpLILF0cAZldF0qzXnVOeLnwN_7cL-pTQT8jb8VU9Cdnv5WWmk01MliZElsHz0tkyi1bLW2Ibhq2H/s320/1648024.jpg" width="320" /></a></div>Entrevista - Mau Couti, Fotógrafo e blogueiro</div><div align="justify">06/06/2010 - 00h00 (Outros - A Gazeta)por Elaine Vieira <a href="mailto:evieira@redegazeta.com.br">evieira@redegazeta.com.br</a></div><br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">O fotógrafo Maurício Coutinho, 44 anos, é gay. Depois de anos tentando lutar contra seu desejo, numa época em que era feio e perigoso ser homossexual, ele conseguiu se assumir. A maior preocupação passou a ser como contar para o filho Bryan, então com 8 anos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sabe o que o menino, hoje com 18 anos e uma tatuagem do nome do pai no braço esquerdo, disse? “Vão te sacanear, papai". Dito isso, logo depois passou a cobrar: “Você não disse que o namoro era igual, só que entre dois homens? Então manda beijo”, quando o pai desligou o telefonema para o namorado. Para contar sua história e ajudar outros como ele, Mau Couti- como é conhecido profissionalmente - criou o blog Papai Gay, para que crianças e adultos possam encarar o homossexualismo com a mesma naturalidade - e respeito - de Bryan.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Como você se descobriu homossexual?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desde criança eu sempre soube que era gay, já admirava amigos do meu pai. Eram os homens que despertavam minha sexualidade. Meu pai era militar, mas não era o tipo de pessoa preconceituosa. Mas eu não conseguia me aceitar. Era anos 1980 e não havia ídolos gays. A personagem em voga era a travesti Rogéria, com quem eu não me identificava. Então eu fiquei assim, negando a minha realidade dos 8 aos 14 anos, quando tive minha primeira relação sexual com um homem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas você também teve relacionamentos com mulheres. Entre os 14 e os 18 anos também tive experiências com mulheres. Eu era considerado um bom partido, então pegava todas as meninas. E pegava homens também, mas com eles era tudo muito escondido, clandestino. Eu achava que com homens era só sexo, que eu nunca ia me apaixonar por nenhum, até porque eu também via aquilo tudo como muito sujo. E sexo é sexo, é bom, principalmente quando se é adolescente, então eu acabava ficando com as mulheres, porque eu também gostava e me apaixonava loucamente por elas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando tinha 18 anos, surgiu forte a questão da Aids, a história do Cazuza, e ninguém sabia direito como é que pegava aquilo. Na dúvida, preferi continuar transando com mulheres, porque, além do prazer, parecia mais seguro. E depois, quando decidi contar tudo pro meu pai, ele também acabou me influenciando a tentar com mulheres.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Por que você optou por sufocar sua sexualidade?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu gostava de mulheres, mas a atração maior era por homens, sempre foi. Estava muito na dúvida. Sabia que era gay, mas não queria ser. Naquela época ninguém queria ser gay, porque era muito difícil. Além disso teve a influência do meu pai. Foi bom ter contado tudo para ele, parecia que eu tinha me livrado de um câncer, mas, nessa conversa, meu pai, que era muito inteligente, acabou me influenciando, mostrando que já que eu tinha prazer com mulheres deveria continuar com elas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E aí a gente começou a se identificar mais um com o outro e eu me senti mais hetero. Foi então que me apaixonei pela mãe do meu filho, com quem casei aos 20 anos. Ficamos 10 anos juntos e eu sufocando minha homossexualidade. Fomos morar nos Estados Unidos e depois de 7 anos de casamento começamos a nos desentender, como todo casal. Depois de um tempo resolvi que queria viver tudo aquilo que eu tinha vivido com ela, uma relação séria, com um homem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Foi aí que você começou a se aceitar?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nos Estados Unidos, desde aquela época, os gays eram muito mais assumidos, tinham muito mais direitos conquistados e isso me ajudou a me aceitar. Quando eu voltei pro Brasil, decidi que a sociedade brasileira machista não ia mais me prender. Me separei, me apaixonei por um menino de 18 anos (eu tinha 30 na época) e assumi para a família toda.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>E como foi esse processo até contar para o seu filho?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Foi uma confusão enorme. Minha separação teve briga na Justiça e tudo. Mas depois conseguimos nos entender e passamos a ter uma relação legal para poder criar nosso filho. Juntos, decidimos qual seria a melhor hora para contar para o Bryan. Aconteceu quando ele tinha 8 anos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Foi mais difícil contar para ele do que para seus pais?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pelo contrário, foi muito mais fácil. Depois que contei, percebi que nunca deveria ter escondido. A preocupação era se isso poderia influenciar a sexualidade dele, mas eu sabia que um gay já se reconhece assim desde pequeno. Se meu filho fosse gay, ele ia continuar sendo. Se fosse hetero, pelo menos ia se tornar um cara mais aberto, mais liberal, sem preconceitos. E foi isso que aconteceu. Esconder é subestimar a inteligência das crianças, a capacidade delas em entender uma coisa que existe desde sempre. A maldade está muito mais na cabeça dos adultos. Depois que contei, ele fez algumas perguntas sobre como é namoro, o que faz ou não. Eu respondi na medida do possível e em uma semana ela já tinha assimilado tudo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>O que o surpreendeu?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nosso diálogo foi lindo. Eu perguntei para ele se teria problema se o pai fosse gay, ele disse que não. Então eu confirmei: “Pois é, papai é gay, meu filho”, e a primeira reação dele foi chorar e dizer que as pessoas iam me sacanear. Aí eu expliquei que todo mundo já sabia, menos ele. E ele quis que eu tivesse contado antes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Você acha que a sua opção se refletiu de alguma forma na adolescência do seu filho, na relação dele com os amigos?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Lógico que as pessoas reagiram. Ele começou contando apenas para os amigos mais íntimos e, sem querer, acabou se tornando um militante no colégio, excluindo amigos que falavam coisas preconceituosas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>E ele participa da sua vida amorosa?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nos finais de semana em que ele ficava comigo, viajávamos com meu namorado. No começo não tinha beijo, carinho, nada, era como se fosse um amigo. Mas depois que ele ficou sabendo, ele mesmo cobrava. Numa ligação para meu namorado, disse: “pai, você não falou que o namoro era a mesma coisa, só que entre dois homens? Então porque não mandou um beijo antes de desligar?”. Ele me fez ligar de novo, só para mandar beijo, e isso mostra a naturalidade com que encarou as coisas. É uma besteira não mostrar carinho, não beijar na frente de crianças, porque é exatamente isso que um casal hetero faria.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Que tipo de preconceito mais o incomoda?</strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É não poder andar de mãos dadas na rua. Não poder dar um beijo no meu namorado quando tiver vontade. Só acha que está tudo bem quem se satisfaz com subcidadania. Sou uma pessoa como todas as outras e tenho que ter os mesmos direitos de todo mundo. Por isso a homofobia tem que ser criminalizada. Só assim a sociedade brasileira vai entender que eu tenho o direito de passear de mãos dadas com meu namorado pela rua, sem achar que eu esteja agredindo ninguém. Se as crianças virem, melhor, aí os pais vão poder explicar que é normal e não teremos mais pessoas bitoladas, porque apesar da maior exposição dos gays, ainda tem muita gente por aí que acha que pode espancar uma pessoa só por causa da sua opção sexual.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vo cê está fazendo sua parte... Criei o blog para falar sobre o que vivo e ele acabou virando uma ferramenta de utilidade pública, com as pessoas me procurando para tirar dúvidas. Da minha parte, acho que sou o único homem do mundo que quer que o filho seja gay. Queria pelo menos que ele experimentasse, mas ele não quer. Eu transei com um monte de mulher e nem por isso deixei de ser gay. Um hetero pode se permitir experimentar sem deixar de sê-lo também. Até brinco, dizendo que não adiantou nada tocar Cher quando ele era criança, meu filho acabou virando metaleiro!</div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-23507477136259074332010-06-08T22:03:00.000-07:002010-06-08T22:28:51.011-07:00"O QUE FOI FEITO É PRECISO CONHECER PARA MELHOR PROSSEGUIR"<div align="center"></div><div align="justify"></div><div align="right">FÓRUM BAIANO LGBT*<br />
</div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="justify"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv4SKnudF_QVcYlOOs2HszVPk8C4FbiT2yLRYyaCnnxBMXNpE7GswcBl69u5xnEagZCDaZ1jqaUK6zJVBVRrnKlDYfDwRdy5XFZ6ccx1UofCZpDbv_wMtjNO8Wk6J3L8-QURdC6blSywnw/s1600/MARCAD~1.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="187" qu="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv4SKnudF_QVcYlOOs2HszVPk8C4FbiT2yLRYyaCnnxBMXNpE7GswcBl69u5xnEagZCDaZ1jqaUK6zJVBVRrnKlDYfDwRdy5XFZ6ccx1UofCZpDbv_wMtjNO8Wk6J3L8-QURdC6blSywnw/s200/MARCAD~1.JPG" width="200" /></a><span style="color: #cc33cc;">Após um longo processo de negociação e articulação, o Governo do Estado da Bahia divulgou as entidades da Sociedade Civil para compor o Comitê LGBT, vinculado a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. </span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #cc33cc;">Vale dizer que a pressão dos movimentos sociais organizados foi fator decisivo para que o Governo tomasse tal iniciativa e os desafios que este comitê tem pela frente são demandas URGENTES e significam a vida ou a morte de muitos LGBT´s espalhados em nosso Estado. </span></div></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;">Vejamos alguns deles: </span><br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #cc33cc;">1- Este Comitê tem caráter provisório, é uma câmara técnica que tem objetivos, prazos e responsáveis para elaborar um grande programa chamado desde 2008 de BAHIA SEM HOMOFOBIA. </span><span style="color: #cc33cc;">Desta forma, são três as grandes ações que devem orientar os trabalhos deste Comitê neste primeiro período: </span></div></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #cc33cc;">a) Organizar as propostas oriundas da Conferência Estadual LGBT e agregá-las nos planos de ação das Secretarias de Governo que compõem o Comitê, constituindo responsáveis e prazos.</span></div></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #cc33cc;">b) Planejar a construção da Coordenadoria LGBT.</span></div></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #cc33cc;">c) Planejar a criação do Conselho Estadual LGBT </span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #cc33cc;">Estas prioridades são necessárias para que, desde o início, tenhamos nítido que a política pública para LGBT que queremos deve ser de ESTADO e não de Governo. Queremos garantias que a população LGBT será tratada com seriedade pelo poder público e não fiquemos à mercê de governos, que são transitórios, por isso nosso foco deve ser a Coordenadoria LGBT, que deve ter dotação orçamentária e o tão sonhado Conselho Estadual LGBT, que será o órgão de controle social destas ações. </span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #cc33cc;">2- Outro desafio que vai encarar este Comitê vai ser o acompanhamento e parceria com os Centros de Referência LGBT, especialmente os de Vitória da Conquista, Feira de Santana e Salvador. Acreditamos que os Centros de Referencia são órgãos públicos que exercem papel estratégico para o combate a Homofobia e outras violências correlatas, a atividade conjunta destes centros de Referência e do Comitê são fundamentais para que exista efetivamente uma política pública LGBT articulada e ativa no Estado. </span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="color: #cc33cc;"></span></div><div align="justify"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #cc33cc;">3- As entidades da sociedade civil terão o importante papel de estar à frente daarticulação das políticas públicas para LGBT nos últimos meses do Governo Wagner. No entanto, essa luta não será vencida apenas pelas 8 entidades: é preciso que todo movimento social LGBT se agregue nas reivindicações. Fazemos um chamado às organizações do movimento LGBT baiano para que estejam conosco nesta representação da sociedade civil no Comitê LGBT, em especial às organizações que disputaram essas 8 vagas: GGB, ADAMOR e Quimbanda-Dudu. E também às organizações que não foram habilitadas: OHC, GGLF e Diadorim.</span></div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
<span style="color: #cc33cc;">É sempre bom lembrar e guardar no coração: Juntos SOMOS mais fortes!<br />
<br />
<strong>BAHIA, BAHIA, SEM HOMOFOBIA!</strong></span> </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
<br />
<span style="color: #cc33cc;"><span style="color: black; font-size: 85%;">Texto publicizado pelo Forum Baiano de Grupos LGBT - Forum o qual nasceu da necessidade de construir a unidade do movimento das lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais do Estado da Bahia, articular as diversas iniciativas então localizadas e fortalecer e ampliar a nossa luta. Hoje, é a grande referência do movimento LGBT baiano, consolidado e respeitado no movimento social e pelas instituições sociais.</span></span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: #cc33cc;"><a href="http://www.forumbaianolgbt.blospot.com/">http://www.forumbaianolgbt.blospot.com/</a></span> </div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-4953560243677899112010-06-08T19:36:00.000-07:002010-06-08T19:45:48.924-07:00Novos tempos para a política LGBT baiana!por Taisa Ferreira e Vinícius Alves*<br /><br /><span style="color:#ff6600;">Um novo período no que diz respeito a articulação de ações e direitos para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) se inicia na Bahia. Foi instituído na última sexta-feira, 04 de junho de 2010, o Comitê Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT.</span><br /><span style="color:#ff6600;"><br />Com a criação deste Comitê a Bahia entra em um novo patamar de articulação, elaboração e acompanhamento de políticas públicas para nosso segmento. A partir dele, será possível criar e implementar ações e instrumentos que façam avançar de forma real a transformação da vida cotidiana de nossa comunidade e da sociedade como um todo.<br /><br />Ainda que durante algum tempo o foco da estratégia do movimento tenha sido a da busca por ações e leis no âmbito federal, as Conferências nos mostraram, que também é importante o enraizamento e a interiorização do movimento e de suas ações. A Bahia - é sempre bom lembrar - foi um dos estados que mais promoveu conferências territoriais e movimentou pessoas por todos os territórios de identidade.<br /><br />Essa mesma Bahia, por sua vez, não tem em sua casa legislativa nenhum Projeto de Lei aprovado que garanta ou equipare direitos as (aos) LGBT - o mesmo reflexo do âmbito federal. Situação grave, considerando que somos um dos Estados onde mais se identifica crimes homofóbicos e morte de homossexuais - segundo dados do Grupo Gay da Bahia.<br /><br />As ações de destaque no Governo Estadual nos últimos tempos foram feitas de forma pontual a partir das Secretarias, sem contudo a execução de um plano estadual onde estivessem condensadas as propostas de políticas aprovadas na Conferência Estadual e que norteassem essas ações, tal qual o Plano Nacional LGBT propõe.<br /><br />Grande parte da dificuldade de organizar essa política consistia especialmente pela falta de um canal mais eficaz e constante de diálogo entre o Governo e o movimento baiano. Canal este que, esperamos, será representado agora a partir deste Comitê que se instala e traz consigo, desde sua composição, todo o acúmulo das conferências e da organização do movimento e da política LGBT da Bahia no último período.<br /><br />Tivemos pela Secretaria de Educação importantes cursos de capacitação para professores da rede pública estadual, editais da Secretaria de Cultura voltados a projetos LGBT e a Portaria 220/09 assinada por Valmir Assunção, então Secretário da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza, reconhecendo o uso do nome social de travestis e transexuais no âmbito da política de Assitência Social no Estado. Além das ações de prevenção e formação apoiadas pela Secretaria de Saúde através da Coordenação Estadual da DST/AIDS que há muito auxilia na construção da cidadania de LGBT, porém urgem a concretização de ações mais amplas e articuladas.<br /><br />Com a formação deste Comitê pretende-se debater com as Secretarias presentes a construção do Programa Bahia Sem Homofobia, aprovado na nossa Conferência Estadual e que será um instrumento fundamental para nortear a consolidação de políticas LGBT no nosso Estado.<br /><br />Acreditamos ser importante também a criação de um Conselho Estadual LGBT, mais amplo do que o Comitê se propõe, com a presença de mais entidades do interior, da capital, da acadêmia e de setores parceiros a nosso movimento.<br /><br />Para o próximo período é preciso cada vez mais articular o movimento baiano e afinar os nossos discursos, táticas e estratégias para que tenhamos uma boa construção, com um diálogo e capacidade cada vez maior. Para operar com os demais setores organizados da sociedade as transformações necessárias. É preciso estar cada vez mais perto de cada um de nós para sabermos quem de fato somos, quais problemas reais temos e quais políticas se fazem mais emergentes de serem pautadas e construídas.<br /><br />O que buscamos enquanto lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais não é sonho, não está em outro lugar se não aqui e nem em outro tempo se não agora. Buscamos algo que é real, que todos sabem que existe, mas que muitos setores da sociedade ainda insistem em, sob desculpas mil, esconder, segregar, abafar, negar.<br /><br />Precisamos seguir juntas e fortes na construção desse Comitê LGBT e por políticas cada vez mais concretas e eficazes paro o pleno exercicio da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, bem como para as transformações sociais reais que precisamos operar até que todas e todos sejamos, de fato, livres.</span><br /><br /><span style="color:#009900;"></span><br /><span style="color:#009900;">Viva o Comitê LGBT da Bahia!<br />Viva o Fórum Baiano LGBT!<br />Viva o Movimento LGBT da Bahia!<br />Até a vitória!</span><br /><br />*<span style="color:#ffcc00;">Taisa Ferreira e Vinícius Alves são membros da Associação Beco das Cores e representantes da entidade no Comitê Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT da Bahia.</span>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-17550098278549915282010-06-04T22:30:00.000-07:002010-06-04T22:33:03.705-07:00Comitê Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - Comitê LGBT<strong><span style="color:#ff6600;">A gente arrasa!</span></strong><br /><strong><span style="color:#ff6600;"></span></strong><br /><strong><span style="color:#ff6600;">Rumo a construção de politicas e fortalecimento da cidadania LGBT na Bahia!</span></strong><br /><br /><br />A Comissão Especial, instituída pela Portaria nº 256, de 20 de abril de 2010, para acompanhar e sistematizar os procedimentos relativos à eleição de Entidades, Grupos ou Fóruns representantes da sociedade civil para integrar o Comitê Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - Comitê LGBT no biênio 2010/2012,<br /><br />RESOLVE:<br /><br /><strong>Art. 1º - São consideradas eleitas para compor o Comitê LGBT, no biênio 2010/2012, as entidades, grupos ou fóruns da sociedade civil indicadas na tabela anexa;</strong><br /><br /><br />Art. 2º - A escolha da representação das entidades, grupos ou fóruns congêneres no Comitê Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT´s, foi feita pelo colégio eleitoral, formado por delegado(as) de cada uma dos habilitados, apontados (as) no ato da inscrição;<br /><br /><br />Art. 3º - Terão assento no Comitê as 08 (oito) organizações que receberam maior número de votos nas vagas de cada uma das categorias citadas no anexo deste edital;<br /><br /><br />Art. 4º - As entidades, grupos ou fóruns eleitas e não eleitas poderão ter vistas dos processos de votação na sede da Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos, para os devidos fins, facultada a extração de cópia reprográfica, às próprias expensas.<br /><br /><br />Salvador, 04 de junho de 2010.<br /><br /><br />Maria Aparecida Lemos Tripodi<br />Presidente da Comissão<br /><br />Fabiana da Cruz Mattos<br />Membro<br /><br />Jorge Luiz Lessa Lima<br />Membro<br /><br />ANEXO<br /><br />Categoria 01: Defesa aos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais atuantes na capital - 03 vagas:<br /><br /><strong><span style="color:#ff6600;">1. Beco das Cores</span></strong><br /><strong><span style="color:#ff6600;">2. Coletivo KIU</span></strong><br />3. RNAF LGBT´s<br /><br />Categoria 02: Defesa aos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais atuantes no interior - 03 vagas:<br /><br />1. Grupo Humanus<br />2. GLICH<br />3. OMNI<br /><br />Categoria 03: Defesa aos direitos específicos de lésbicas, com atuação no interior ou capital - 01 vaga:<br /><br />1. Lesbibahia<br /><br />Categoria 04: Defesa aos direitos específicos de travestis e transexuais, com atuação no interior ou capital - 01 vaga:<br />1. ATRASTaisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-48440919008648241072010-05-05T07:39:00.000-07:002010-05-05T07:40:55.986-07:00O velho feminismo e a nova mulher Contemporânea<span style="color:#993399;"><strong><br /><span style="color:#cc33cc;">Por Andreza Almeida*</span><br /> <br /> <br />Car@s Amig@s,<br /> <br /> <br />Coisa difícil nesta vida é ser mulher, a opressão está ai viva, conseguimos muita coisa e muitas outras ainda estão por conquistar, bem como muita coisa ainda precisa se feita para vencer o “monstro do machismo” que esta ai a espreita, só esperando um brecha para avançar sobre nós e nos derrotar, é uma luta cotidiana, feita a cada minuto, é de nós para nós mesmas e de nós para o mundo.<br /> <br />O feminismo tal como o conhecemos e talvez tal como o reproduzimos precisa passar por sérias atualizações, e hoje não existem impedimentos institucionais para que mulheres ocupem espaços de poder, cargos em direções, virem chefes, presidentes, diretoras, sejam legisladoras, executivas, líderes sindicais, mães, amantes, mulheres, avós, tias e ainda resolvam os problemas da casa, são mil poderes e temos tempo para todos eles.<br /> <br />O poder está ai e cada dia mais o feminino ganha espaço e algumas mulheres conseguem representar muito bem anseios de milhões de mulheres, mas eu lhes pergunto é suficiente? <br /> <br />Alguns aspectos realmente precisam ser ressaltados, aproveito a proximidade do dia das mães para refletir sobre o que eu aprendi que era ser mulher, e como o mundo nos faz mulheres outras, que não aquelas esperadas pelas criações, que nos tomam por vítimas de um sistema opressor, criador de fragilidades, determinadas por estarem diante de um poder muito maior que é o poder que tem parido e criado o mundo.<br /> <br />E como coisas belas, raras e caras, são destinadas aos cofres e cativeiros, ainda os vivemos, não mais de pedra e ferro, mas desta vez grades virtuais, que são rompidas por algumas companheiras, mas continuam a existir ali, invisíveis e reais, aprisionando tantas outras.<br /> <br />É preciso que se diga, são dependências emocionais, fragilidades sociais, dificuldades estruturais e contingências ancestrais, os determinantes dos nossos parâmetros de conduta, são nossos afetos em relação á nós enquanto “mulheres & expectativas” e o nosso ser agente transformador da realidade e a quase impossibilidade de separarmos uma coisa da outra.<br /> <br /> <br />O que é necessário compreender é que precisamos passar por uma re-leitura do nosso feminismo, talvez da grande teoria feminista que nos colocou imersas nas pautas de medo dos padrões de consumo, da maternidade, da libertação sexual e do exercício da multiplicidade dos afetos.<br /> <br /> <br />Nosso feminismo é hostil e distante das fragilidades que os homens, não os machos, impuseram e nós aceitamos, talvez por serem em alguma medida confortáveis, afastam-nos da necessidade da luta, do uso do nosso poder e da necessidade de enfrentarmos demônios íntimos e coletivos todos os dias. <br /> <br />Esse outro mundo que a emancipação feminista forjou a custa da luta de algumas mulheres, precisa ser de todas as mulheres, criamos ícones de luta, forjamos referencias de luta, mas não investimos verdadeiramente na idéia de sermos livres e companheiras.<br /> <br /> <br />O nosso feminismo também julga algumas mulheres mais importantes que outras, também estabelece parâmetros para maquiagens, roupas, padrões sexuais. Quando sabemos que o problema da sociedade igualitária não é esse.<br /> <br /> <br />Esse novo feminismo que queremos tem dois pés dentro da diversidade sexual, é o respeito ao peito, o respeito aos excessos e as singularidades, como dizem meus companheiros de luta dentro do movimento de Diversidade Sexual é preciso Fechar! Aparecer, empoderar-se, sempre e isso é tanto uma luta intima dentro de nós vencend,o informações defasadas e fazendo cada vez mais livres os nossos corpos, as nossas mentes e as nossas vontades.<br /> <br />Precisamos deixar que as mulheres tirem de dentro de si o que quiserem, como os filhos que não escolhemos como virão, mesmo que já possamos decidir, se, quando e quantos teremos.<br /> <br />Falta-nos uma visão libertadora dos parâmetros de comparações entre formatos, modelos, enquadres e encaixes, a verdadeira feminista é livre dos rótulos e poupa-se de colocá-los.<br /> <br /> <br />E lhes digo esse novo modelo de feminismo não é heterossexual, ele é múltiplo, é simplesmente sexual tendo em vista que concede o direito ao corpo e o exercício da cidadania, é o nosso julgamento sobre as vontades alheias, é o nosso olhar de reprovação que dificulta que , de fato, muito mais mulheres estejam por ai a empoderar-se garantir os avanços de nossas pautas e quem sabe a extinção do debate do antagonismo de gênero, fruto da extinção desse antagonismo,<br /> <br />Queremos nosso corpo livre? Façamos! Livre de quem? Quem está aprisionando nossos corpos? Quais as amarras que lhes prendem? Temos medo da industria de cosméticos? Por que temos medo de envelhecer? Tememos os padrões que consumimos e legitimamos.<br />E definitivamente esse não é o foco do debate.<br /> <br /> <br />Creio realmente que o cerne do debate é sermos livre, livres de medos próprios, livres da condenação nossa de cada dia, das cercas com as quais impomos para nós mesmas e para outras companheiras e mundos tacanhos.<br /> <br />Um novo feminismo e a nova mulher pós-moderna. A Mulher pós-moderna (com perdão da má palavra), talvez ao contrário do homem pós-moderno, é engajada, trabalha, consome, vive sozinha, separou-se, fez sexo sem compromisso, deu por amor e por vontade, abortou ou nunca engravidou, realizou desejos e fantasias sexuais, sente-se bem com o próprio corpo, sem-vergonha, por que a mulher pós-moderna sabe que seu corpo lhe pertence e não pode e não deve ser alvo de ameaças ou constrangimentos, sejam eles físicos ou morais. A mulher pós-moderna, age e reage, dá, doa e recebe.<br /> <br />A liberdade sexual, a superação da imposição dos valores e a compreensão dos novos modelos de família e sexualidade são fundamentais para uma atualização do movimento feminista que ganhe mulheres não somente para suas pautas, mas para o poder, o poder de lutar por creches para as companheiras com filhos, por mais acesso á saúde, por jornadas menores para mães de filhos pequenos, pela regulamentação dos vários direitos ao corpo, o poder de lutar por melhores condições de trabalho, de inclusive casarem-se com outras mulheres.<br /> <br /> Nós não queremos igualdade entre os sexos, mas antes sim o respeito e o reconhecimento às diferenças e singularidades que compões as sexualidades, sejam elas hormonais ou subjetivas.<br /> <br /> <br />É preciso camaradas começar a construir um novo jeito de ser feminista, menos preocupado com como é que se deve ser mulher e mais envolvido com a necessidade premente de que as mulheres tornem-se mulheres, libertem-se de ser machistas, tomem as rédeas de seus destinos e possamos caminhar juntas e juntos reconhecendo nossas diferenças e respeitando nossas singularidades.<br /> <br /> <br />Assim que quando mais tarde nos procurem diremos, nos libertamos de nós mesmas, dos nossos próprios preconceitos, e dos monstros debaixo e em cima de nossas camas, ai sim! nos tornamos verdadeiramente livre!<br /> <br />Mas até lá temos muito trabalho pela frente e muita ainda por dizer...<br /></strong></span> <br /> <br /> <br /> <br /><strong>* Mulher, bissexual, solteira , sem filhos, filha de mãe solteira, criada com vó.</strong>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-59530740726343703352010-03-03T18:40:00.000-08:002010-03-03T18:52:36.749-08:00Uma escola gay para todosPublicada em 5/1/2010 na pag. A3 do jornal Correio Popular Campinas/SP<br /><br /><strong>Uma escola gay para todos¹</strong><br /><br />No último dia 16/12, o governo de São Paulo assinou convênios com 300 entidades culturais. O objetivo era destinar R$ 54 milhões do Fundo Nacional de Cultura, da Lei Rouanet, para os Pontos de Cultura, que tem a missão de “desesconder o Brasil”, isto é, reconhecer e reverenciar a cultura viva do nosso povo. <br /><br />Dentre os projetos, havia um único destinado ao fazer e saber de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros. Uma ideia da drag queen Lohren Beauty, de Campinas, que quis criar um espaço de aprendizagem, valorização e reprodução dessa gaia cultura: a Escola Jovem LGBT, a primeira do País.<br /><br />A notícia foi matéria de capa deste Correio, em 23/12, e ganhou manchetes nacionais. Recebemos centenas de e-mails de jovens interessados na escola, de professores das mais diversas áreas se oferecendo para dar aulas. Mas, com as manchetes, vieram também as críticas.<br />Muita gente se deixou levar pelo nome “Escola Gay” ou “Escola para gays” e nem se deu ao trabalho de buscar mais informação antes de sair falando em guetos e passados sombrios. Besteira. A escola nunca se propôs a ser um ambiente fechado, só para gays. Assim como gays, lésbicas e travestis podem circular e expressar sua sexualidade em todos os lugares, qualquer pessoa, de qualquer orientação sexual, é muito bem-vinda na Escola Jovem.<br /><br />Outros questionamentos foram mais inteligentes: existe mesmo uma cultura LGBT? Por que há a necessidade de estimular essa cultura?<br /><br />Vejam só: a escola nem abriu ainda e já está cumprindo seu objetivo maior que é o de estimular o debate e vencer o preconceito. Afinal, pré-conceito é um conceito formado quando há falta de conhecimento sobre determinado assunto. Para combater a homofobia, o preconceito contra homossexuais, é preciso debater, divulgar e dar visibilidade ao universo LGBT — não só entre legebetês, mas em toda a sociedade.<br /><br />Para isso, a Escola Jovem LGBT possui duas estratégias. Uma é ser uma escola gay, sim, mas aberta a todos. A todos, claro, dispostos a conhecer e respeitar o universo gay. Não à minoria mais reacionária e homofóbica, irracionalmente contra os homossexuais independentemente de qualquer explicação. Essas pessoas, infelizmente, não estão abertas ao diálogo.<br />Nossa outra estratégia envolve oferecer ferramentas necessárias para que a própria população LGBT possa fazer o que lhe é negado: expressar-se. E aqui entra a explicação sobre o que é essa cultura LGBT e por que é essencial apoiá-la.<br /><br />Cultura LGBT é a cultura que enfrenta não a cultura heterossexual, mas a cultura heteronormativa, isto é, a cultura que esmaga toda manifestação de diversidade sexual na sociedade. É a heteronormatividade que censura beijos gays nas novelas, que proíbe as escolas tradicionais de abordar a homossexualidade de maneira positiva, que força os meninos a usarem azul e as meninas, rosa. E essa cultura perversa que nega às pessoas LGBT mais de 70 direitos, como o de construir família e patrimônio, e estimula o assassinato e o suicídio de pessoas LGBT.<br /><br />Uma cultura fruto do machismo e da xenofobia, opressões que alimentam o sistema capitalista.<br />Apoiar a cultura LGBT é dar ferramentas para que o jovem LGBT se expresse e construa a cultura na qual prefere viver. É estimular esses jovens a encontrar a felicidade na diversidade, na construção de suas verdadeiras identidades, sem precisar fingir que são heteros.<br />Como diz Célio Turino, criador dos Pontos de Cultura, o nome surgiu do discurso de posse do ministro Gilberto Gil, que falava em “um do-in antropológico, um massageamento de pontos vitais da Nação”. A Nação para a qual olhamos não é um conjunto de estereótipos e tradições inventadas. É um organismo vivo, pulsante, envolvido em contradições e que necessita ser constantemente energizado e equilibrado.<br /><br />É dessa acupuntura social que a Escola Jovem LGBT é parte. Ou seja, o que está em questão não é o que vamos ensinar, mas, sim, o que todos nós, campineiros e brasileiros, vamos aprender com essa nova juventude gay.<br /><br /><br /><span style="font-size:78%;"><span style="font-size:85%;">¹Deco Ribeiro, jornalista e educador, é diretor da Escola Jovem LGBT, fundador do Grupo E-jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados (www.e-jovem. com) e conselheiro nacional de juventude junto à presidência da República</span> </span>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-45126665814807523262009-02-12T03:45:00.000-08:002009-02-12T04:09:15.617-08:00A diversidade sexual: escola, formação e práticas educativasA escola enquanto espaço plural, composta por sujeitos diversos necessita de formas mais democráticas de convivência e de respeito às diferenças. Contudo, segundo dados da Secretaria Especial dos direitos Humanos:<br /><br />... pesquisas recentemente realizadas, revelam dados significativos em relação à discriminação sofrida por homossexuais em diferentes contextos sociais. No que se refere ao ambiente escolar, não se pode deixar de registrar alguns dados de recente pesquisa feita pela UNESCO, envolvendo estudantes brasileiros do Ensino Fundamental, seus pais e professores, e revelando que os professores não apenas tendem a se silenciar frente à homofobia mas, muitas vezes, colaboram ativamente na reprodução de tal violência. Essa pesquisa, realizada em quatorze capitais brasileiras, também revelou que mais de um terço de pais de alunos não gostaria que homossexuais fossem colegas de escola de seus filhos (taxa que sobe para 46.4% em Recife), sendo que aproximadamente um quarto dos alunos entrevistados declara essa mesma percepção. (UNESCO, 2006).<br /><br /><br /> A valorização da diversidade cultural no contexto escolar possibilita que os sujeitos se vejam refletidos no processo de escolarização e isso implica em escolhas de conteúdos que procure representar democraticamente o interesse de todos os sujeitos envolvidos no ambiente escolar, assim a questão mostra-se ainda mais grave especialmente quando a escola, que deveria ser o espaço para a construção de padrões democráticos, está sendo na maioria das vezes, palco de reações homofóbicas.<br /><br /> A reflexão sobre educação e diversidade não diz respeito apenas ao reconhecimento do outro como diferente. Significa pensar a relação entre o eu e o outro. A escola pode ser entendida como um dos espaços socioculturais em que as diferentes presenças se encontram. Porém, tratar da diversidade no ambiente escolar é muito mais complexo do que pensamos, pois exige um posicionamento crítico e político e um olhar mais ampliado que consiga abarcar os seus múltiplos recortes. <br /><br /> A diversidade sexual nos cursos de formação de docentes<br /><br />Dados da UNESCO (2006) comprovam que a intolerância e a falta de conhecimento sobre a diversidade de expressão sexual colocam a escola entre os órgãos que merecem atenção sobre a questão, notadamente quando o preconceito parte dos professores e professoras.<br /><br /> A pesquisa “Perfil dos Professores Brasileiros”, realizada pela UNESCO, em todas as unidades da federação brasileira, revelou que para 59,7% dos professores (as) é inadmissível que uma pessoa tenha relações homossexuais e que 21,2% deles tampouco gostariam de ter vizinhos homossexuais. Outra pesquisa, realizada pelo mesmo organismo em 13 capitais brasileiras e no Distrito Federal, forneceu certo aprofundamento na compreensão do alcance da homofobia no ensino básico (fundamental e médio). Constatou-se, por exemplo, que o percentual de professores (as) que declara não saber como abordar os temas relativos à homossexualidade em sala de aula pode chegar a 48%. O percentual de mestres(as) que acreditam ser a homossexualidade uma doença ultrapassa os 20% em muitas capitais”. (UNESCO, 2006)<br /><br /> Tratar das diversas formas de viver as sexualidades na sociedade contemporânea, se caracteriza, sobretudo como um grande desafio, pois trata-se de atravessar conflitos com uma sociedade marcada historicamente por valores machistas e heteronormativos, estes que ainda nos dias de hoje, são proliferados, renegando a multiplicidade de culturas, raças, religiões e orientações sexuais que temos em na sociedade brasileira, fazendo germinar preconceitos e ações discriminatórias às diversidades. <br /> <br /> Segundo Tanno (2007), especificamente na formação de professores, o assunto requer uma postura de comprometimento, haja vista que o papel do educador é o de promover a construção de uma ética fundada no respeito e na cidadania, condição básica para a convivência em grupo. Afirma ainda que:<br /><br />Os docentes devem ser preparados para intervir em todas as situações de preconceitos homofóbicos, de raça, credo e qualquer outro tipo de intolerância, reforçando sempre a dignidade humana e os direitos dos cidadãos. (p.07)<br /><br /><br /> Portando, a formação inicial de docentes, inclusive das séries iniciais, deve se pautar em práticas pedagógicas que levem futuros os professores e professoras a repensarem suas ações frente à cultura homofóbica, devendo-se assim:<br /><br />Promover uma educação pautada em um programa que vise à formação de profissionais capacitados para a elevação de uma educação afetivo-sexual, que seja capaz de preservar os direitos de cidadania. (Tanno, 2007, p. 07)<br /><br /> <br />É preciso que sejam desenvolvidas abordagens aprofundadas em relação à sexualidade, gênero e diversidade sexual a fim de possibilitar a instrumentalização de educadores que possam através de suas práticas educativas criar condições para a superação de toda forma de preconceito no ambiente escolar, sobretudo a homofobia e o preconceito de gênero, com ênfase no respeito às diferenças, à dignidade humana e na defesa da cidadania.<br /><br /> As propostas curriculares e a educação sexual na formação de professores <br /><br /> Compreender a relação entre diversidade e currículo implica delimitar um princípio radical da educação pública e democrática: a escola pública se tornará cada vez mais pública na medida em que compreender o direito à diversidade e o respeito às diferenças como um dos eixos norteadores da sua ação e das práticas pedagógicas. Para tal, faz-se necessário o rompimento com a postura de neutralidade diante da diversidade que ainda se encontra nos currículos e em várias iniciativas de políticas educacionais, as quais tendem a se omitir, negar e silenciar diante da diversidade. <br /><br /> A inserção da diversidade nas políticas educacionais, nos currículos, nas práticas pedagógicas e na formação docente implica compreender as causas políticas, econômicas e sociais de fenômenos como: desigualdade, discriminação, etnocentrismo, racismo, sexismo, homofobia e xenofobia. <br /><br /> Falar sobre diversidade e diferença implica, também, posicionar-se contra processos de colonização e dominação. Implica compreender e lidar com relações de poder. Para tal, é importante perceber como, nos diferentes contextos históricos, políticos, sociais e culturais, algumas diferenças foram naturalizadas e inferiorizadas, tratadas de forma desigual e discriminatória. Trata-se, portanto, de um campo político por excelência. <br />Referindo-se a necessidade de compreender a diversidade como base da estrutura social e entendendo que toda a intervenção curricular tem como finalidade preparar cidadãos capazes de exercitar socialmente, criticamente e solidariamente as suas ações, a discussão sobre diversidade sexual nos currículo dos cursos de formação de professores representa uma possibilidade de romper com o processo de homogeneização da humanidade, onde a idéia de evolução e o acúmulo de conhecimentos seria um processo universal e natural das coisas.<br /><br /><br /> Segundo Tanno (2007), a educação sexual deve constituir ponto central nas discussões existentes nos cursos de formação de professores, por entender ser este, um local de propagação da superação a quaisquer tipos de preconceitos e intolerância.É preciso que os cursos de formação de professores derrubem paradigmas voltados para uma cultura conservadora e passem a promover a superação de qualquer atitude de intolerância, procurando assim, entender e “respeitar a diversidade de valores, crenças e comportamentos relativos à sexualidade, reconhecendo e respeitando as diferentes formas de atração sexual e o seu direito à expressão, garantida à dignidade do ser humano”. (PCN,1997).<br /><br /> <br /> É necessário apontar que tratar de sexualidade não significa educar o sexual, ou seja, atribuir valores, normas e formas ‘corretas’ de viver a sexualidade e de construir as identidades. Deve-se buscar uma nova construção de currículos e de conhecimentos que superem o ‘natural’, o normal’ e que apontem para novas possibilidades, para um estranhamento daquilo que nos é tido como inquestionável e que busque o questionamento da sexualidade e das identidades de gênero e sexual de forma a ampliar as reflexões sobre os limites que nos são impostos e sobre as possibilidades que são vislumbradas por aqueles/as que se arriscam a ultrapassar as fronteiras.Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-89361794768698394742009-02-11T17:56:00.000-08:002009-02-11T18:03:13.352-08:00<div align="justify"><br /><span style="font-size:130%;"><strong><span style="font-family:lucida grande;">Homossexualidade é crime em 75 países</span></strong><br /></span><a title="criar PDF" href="http://www.esquerda.net/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=3232" target="_blank" rel="nofollow"></a><br /><br />22-Jun-2007 </div><div align="justify"></div><div align="justify"> </div><div align="justify">[ Texto postado em lista LGBT]</div><div align="justify"> </div><div align="justify"><br /><a href="http://www.esquerda.net/index2.php?option=com_jce&task=popup" target="_blank" rel="nofollow"></a>A homossexualidade é ainda punida por lei em cerca de 75 Estados. Em muitos países, a condenação pode ir além de dez anos de prisão; por vezes, a lei prevê a prisão perpétua e, nalgumas nações, a pena de morte tem sido efectivamente aplicada.Mas a repressão não é apenas legal e manifesta-se de outras formas: abusos policiais, proibições de manifestações, discriminações diversas perpetradas por organismos do Estado.Num número considerável de países têm havido avanços significativos nos direitos legais da população LGBT (principalmente ao nível do casamento e das uniões de facto). Por outro lado, nalguns países, como é o caso da Polónia, a situação piorou e muito, com o actual governo conservador a encetar uma verdadeira guerra aos homossexuais.Clique no mapa para ver a situação legal da homossexualidade no mundoVeja aqui o <a href="http://www.esquerda.net/media/lgbt_mundo.pdf" target="_blank" rel="nofollow">relatório da ILGA</a>, de Abril de 2007, sobre Homofobia de Estado no Mundo Clique aqui para ver uma <a href="http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=3232&Itemid=40#cronologia" target="_blank" rel="nofollow">cronologia do avanço dos direitos LGBT</a> no MundoClique aqui para ver alguns factos sobre a situação dos <a href="http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=3232&Itemid=40#polonia" target="_blank" rel="nofollow">homossexuais na Polónia</a>Assine a <a href="http://www.blueceltis-world.co.uk/idaho/index.html" target="_blank" rel="nofollow">petição internacional</a> "pela despenalização universal da homossexualidade"<br />Pena de MorteAfeganistão, Arábia Saudita, Iémen, Irão e Sudão<br /><br />Prisão ou Pena de MorteMauritânia e Paquistão<br />Prisão superior a 10 anosBahrein, Bangladesh, Barbados, Brunei, Butão, Cabo Verde, Emirados Árabes Unidos, Fiji, Gâmbia, Granada, Guiana, Índia, Jamaica, Kiribati, Malásia, Maldivas, Ilhas Marshall, Maurícia, Nepal, Nigéria, Niue, Papua-Nova Guiné, Quénia, Ilhas Salomão, Santa Lúcia, Seychelles, Singapura, Sri Lanka, Tanzânia, Toquelau, Tonga, Trinida e Tobago, Tuvalu, Uganda, Zâmbia e Zanzibar </div><div align="justify"><br />Prisão inferior a 10 anosAngola, Argélia, Benin, Botswana, Birmânia, Camarões, Ilhas Cook, Djibouti, Etiópia, Gana, Guiné, Kuwait, Libéria, Líbia, Líbano, Malawi, Marrocos, Moçambique, Namíbia, Nauru, Nicarágua, Omã, Qatar, Samoa, Senegal, Serra Leoa, Síria, Somália, Suazilândia, Togo, Tunísia, Uzbequistão e Zimbabué </div><div align="justify"><br />Repressão por entidades oficiais</div><div align="justify"></div><div align="justify">Burundi, Cuba e Egipto </div><div align="justify"><br />Nota: na Arábia Saudita, Bahrein, Brunei, Irão, Fiji, Malásia, Paquistão e Sudão são previstas, também, punições com agressões físicas. </div><div align="justify"><br />Locais onde uma pessoa abertamente homossexual não pode ingressar no serviço militar:Estados Unidos da América e Grécia<br />Nota: Nos Estados Unidos da América há uma política de Don't Ask, Don't Tell onde uma pessoa homossexual pode ingressar no serviço militar desde que não manifeste publicamente a sua homossexualidade, e os serviços do exército não podem questionar a pessoa sobre a sua orientação sexual. </div><div align="justify"><br />Locais onde pela lei geral é possível que pessoas do mesmo género se casem:</div><div align="justify"></div><div align="justify">2006, África do Sul 2005, Espanha 2005, Canadá 2004, Bélgica 2001, Holanda </div><div align="justify"><br />Locais onde pela lei geral a união estável entre duas pessoas do mesmo género é reconhecida legalmente comobrigatoriedade de registo mas com uma lei diferente do casamento civil:</div><div align="justify"></div><div align="justify">2006, Cidade do México 2006, Irlanda 2006, Eslovénia 2005, Reino Unido 2005, Suíça 2004, Luxemburgo 2003, Áustria 2002, África do Sul (O Tribunal Constitucional obrigou o governo a legislar sobre o Casamento Civil em 2006) 2002, Finlândia 2001, Alemanha 1999, França 1998, Bélgica (entretanto aprovou Casamento Civil) 1998, Holanda (entretanto aprovou Casamento Civil) 1997, Reino Unido (para efeitos de emigração) 1996, Gronelândia 1996, Islândia 1995, Suécia 1993, Noruega 1989, Dinamarca </div><div align="justify"><br />A Colômbia está em processo legislativo, tendo sido aprovada no Senado o Projecto de Lei 130 em Outubro 2006. </div><div align="justify"><br />Locais onde pela lei geral a união estável entre duas pessoas do mesmo género é reconhecida legalmente mas sem necessidade de registo prévio:</div><div align="justify"></div><div align="justify">2005, Nova Zelândia 2005, Andorra 2003, Croácia 2001, Portugal 1998, Suécia 1996, Hungria 1994, Israel </div><div align="justify"><br />Locais onde é possível pela lei geral que pessoas do mesmo género co-adoptem uma criança:</div><div align="justify"></div><div align="justify">2006, Islândia 2006, Bélgica 2005, Espanha 2005, Canadá 2003, Holanda<br />Locais onde duas pessoas do mesmo sexo co-adoptaram uma criança recorrendo à via judicial:2005, Brasil2005, Israel 2006, França </div><div align="justify"><br />Leis Anti-Discriminaçã o2006, Brasil - Camara dos deputados aprova e encaminha para o Senado a lei 5003/01, que criminaliza a homofobia 2004, Portugal - Constituição 2003, Portugal - Código do Trabalho 2000, República da Irlanda - Lei anti discriminação 1998, República da Irlanda - Código do Trabalho 1996, África do Sul - Constituição 1981, Noruega </div><div align="justify"><br />Informações recolhidas na <a onclick="return theMainWindow.showLinkWarning(this)" href="http://64.233.183.104/search?q=cache:8eRN4StIxhcJ:pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_dos_homossexuais_pelo_mundo+homofobia+mundo&hl=pt-PT&ct=clnk&cd=15&gl=pt&lr=lang_pt" target="_blank" rel="nofollow">Wikipédia</a><br /><br /><a title="polonia" rel="nofollow" name="polonia"></a>O crescimento da homofobia institucional na Polónia:<br />1)Segundo a proposta de lei anunciada pelo governo de extrema-direita, será proibida a "promoção da homossexualidade e de qualquer outro desvio de natureza sexual nos estabelecimentos de ensino. Todos os professores que reconheçam a sua homossexualidade não poderão exercer a profissão. O não-cumprimento desta lei levará ao despedimento, à imposição de uma multa e à prisão.<br />2)A Polónia proibiu as manifestações do Orgulho Gay em Varsóvia, em 2004 e 2005. Recentemente, foi condenada hoje pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos por ter proibido um desfile homossexual em 2005, em Varsóvia.<br />3)Decidiu acabar com a Oficina Governamental para a Igualdade de Género, que desenvolvia programas de promoção a favor dos direitos das minorias sexuais<br />4)Depois da responsável pelos direitos dos menores na Polónia ter voltado atrás na intenção de investigar uma possível conotação homossexual nos desenhos animados "Teletubbies", recentemente a televisão pública polaca decidiu eliminar uma cena da série de humor da BBC "Little Britain", na qual um pastor homossexual beija um amigo.<br />5)Nos últimos meses confirmaram- se actos de violência policial sobre a comunidade LGBT em Cracóvia, Gdansk, Lodz, Poznan, Varsovia y Wroclaw.<br />6)A Polónia foi o segundo país do Mundo com as maiores manifestações (convocadas pelo Fórum da Família) contra a aprovação em Espanha dos casamentos homossexuais, sendo apenas superada pela manifestação de Madrid.<br /><br />Para saber mais sobre a Polónia leia "<a href="http://www.diagonalperiodico.net/article532.html?var_recherche=lgbt+polaco" target="_blank" rel="nofollow">El Gobierno Integrista Polaco declara la guerra a la homosexualidad</a>"<br /><br /><br /><br /><a title="cronologia" rel="nofollow" name="cronologia"></a>Cronologia dos direitos LGBT no Mundo:<br /><br />1792 - França descriminaliza a prática homossexual entre homens.<br />1813 - Baviera descriminaliza a prática homossexual entre homens.<br />1871 - Alemanha criminaliza a homossexualidade através do Parágrafo 175 do Código Criminal.<br />1929, 16 de Outubro - Um Comité Reichstag vota no sentido de cancelar o Parágrafo 175. A chegada ao poder dos nazis impede que a decisão entre em vigor.<br />1933 - Dinamarca descriminaliza a homossexualidade.<br />1937 - O triângulo rosa (O triângulo rosa foi um dos símbolos usados pelos nazis. Indicava quais homens haviam sido capturados por práticas homossexuais) é usado pela primeira vez nos campos de concentração nazistas.<br />1945 - Após a libertação dos presos dos campos de concentração pelas forças aliadas, os homossexuais lá internados não são libertados, mas obrigados a cumprir pena de acordo com as sentenças proferidas a partir do Parágrafo 175.<br />1951 - Bulgária descriminaliza a prática homossexual.<br />1961 - descriminalizaçã o na Checoslováquia e na Hungria.<br />1962 - Illinois é o primeiro estado dos EUA a remover a proibição de práticas sexuais não-reprodutivas de seu código criminal.<br />1968 - Canadá remove de sua legislação todas as leis que condenavam as atividades sexuais não-reprodutivas.<br />1969, 28 de Junho - Os clientes do bar Stonewall, em Nova Iorque, envolvem-se em confrontos com a polícia, em resposta a actos de intimidação. Considerado ponto de partida do moderno movimento pelos direitos LGBT.<br />1972 - Noruega descriminaliza a homossexualidade.<br />1973, 15 de Dezembro - A direcção da Associação Americana de Psiquiatria (American Psychiatric Association, APA) procede a uma votação no sentido de suprimir a homossexualidade da lista de doenças mentais. Treze dos quinze membros da direcção pronunciam-se favoravelmente. A decisão será contestada por muitos psiquiatras, que exigem a sua anulação ou a realização de um referendo.<br />1974, Abril - Um referendo interno promovido pela Associação Americana de Psiquiatria aprova com 58% dos votos a decisão da direcção em retirar a homossexualidade da lista de doenças mentais, tomada no ano anterior.<br />1982 - Portugal descriminaliza a homossexualidade.<br />1988 - Israel descriminaliza a homossexualidade.<br />1989 - Dinamarca institui uniões civis homossexuais que garantem os mesmos direitos presentes no casamento entre pessoas de sexo diferente.<br />1991 - Hong Kong descriminaliza a homossexualidade.<br />1992 - A Organização Mundial da Saúde deixa de considerar a homossexualidade como doença.<br />1993 - Revogado artigo 121º do Código Penal russo, que criminalizava a homossexualidade masculina.<br />1994 - Alemanha descriminaliza relacionamentos sexuais entre homens cancelando o Parágrafo 175.<br />1995 - A Associação Japonesa de Psiquiatria deixa de considerar a homossexualidade como distúrbio mental.<br />2001 - Portugal institui a união civil para casais homosexuais, que vivem há mais de dois anos juntas (conhecida como União de Facto).<br />2001 - Os Países Baixos legalizam o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.<br />2001 - A Associação Chinesa de Psiquiatria deixa de considerar a homossexualidade como um distúrbio mental.<br />2003 - Bélgica legaliza o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.<br />2004, Maio - Nos Estados Unidos da América, o estado do Massachusetts torna-se o primeiro do país a permitir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.<br />2004, Dezembro - Nova Zelândia institui união civil para casais constituídos por pessoas do mesmo sexo.<br />2005, 5 de Junho - Suíça aprova em referendo nacional lei que institui uniões de facto entre homossexuais, com 58% de votos a favor. A legislação não permite a adopção de crianças ou a possibilidade de recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida.<br />2005, Junho - A Câmara Baixa do Parlamento do Canadá vota a favor do projecto de lei que legaliza o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em todo o país. Em Julho, o projecto é ratificado pelo Senado.<br />2005, Junho - O Congresso espanhol aprova lei que abre o casamento civil a casais constituídos por pessoas do mesmo sexo, bem como a possibilidade de adopção de crianças.<br />2005, 1 de Dezembro - O Tribunal Constitucional da África do Sul declara que é inconstitucional negar o casamento a casais constituídos por pessoas do mesmo sexo e ordena o Parlamento a alterar a lei no prazo de um ano no sentido de permitir o casamento entre homossexuais.<br />2005, 2 de Dezembro - O Parlamento belga vota na sua maioria a favor de um projecto de lei que permite a adopção de crianças por casais constituídos por pessoas do mesmo sexo.<br />2005, Dezembro - Celebram-se as primeiras uniões civis homossexuais no Reino Unido, na sequência de legislação aprovada em 2004.<br />2007 - O Congresso Espanhol aprova uma nova Lei da Identidade de Género, que permite aos transsexuais a mudança legal de identidade e do género com maior facilidade, diminuindo prazos de avaliação médica, entre outros. </div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-41107662530861638222009-01-29T09:00:00.000-08:002009-01-29T09:01:43.705-08:00O alienista - algumas impressõesO alienista é um tipo de relato em que os acontecimentos não são estritamente realistas, no sentido da verossimilhança, mas que, a exemplo de uma fábula, ilustram, simbolizam e criticam os valores da sua época. <br />Simão Bacamarte, médico formado em Portugal, instala-se em Itaguaí, no interior do Rio de Janeiro com o objetivo de estudar a loucura e sua classificação. Ou como ele próprio dizia: "A ciência, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo”.Vem daí a sua idéia de confinar os loucos num mesmo local. Com apoio da Câmara Municipal, constrói um hospício, designado pelo nome de Casa Verde. Num primeiro momento, Bacamarte confina os loucos mansos, os furiosos e os monomaníacos, isto é, aqueles que a própria comunidade julgava perturbados. Num segundo momento, após muitas leituras e meditações científicas, o Doutor Bacamarte comunica a seu melhor amigo, o boticário Crispim Soares, a idéia de que "a loucura era até agora uma ilha perdida no oceano da razão”; e que ele começava a suspeitar que ela fosse um continente.<br />A partir de então o alienista (médico de alienados mentais) põe-se a levar para a Casa Verde cidadãos estimados e respeitados em Itaguaí. Pessoas aparentemente ajuizadas, mas que, segundo as teorias do cientista, revelavam distúrbios mentais. O terror se dissemina na pequena cidade. Ninguém mais sabe quem está são ou quem está doido. Atemorizados, os que ainda não tinham sido conduzidos para o hospício tramam uma rebelião. <br />O barbeiro Porfírio, cuja alcunha era Canjica, passa por cima da Câmara de Vereadores, que não ousa indispor-se com o alienista, e marcha à frente de uma multidão, rumo à Casa Verde. O levante popular - que mais tarde ficaria conhecido como a revolta dos Canjicas - termina em frente ao hospício. O Doutor Bacamarte recebe a massa rebelada com a autoridade e a coragem do grande cientista que julga ser, deixando o povo perplexo com sua serena superioridade intelectual. Nesse momento, chegam a Itaguaí os dragões (soldados) do Rei, para restaurar a ordem. No meio da confusão, os dragões acabam aderindo aos revoltosos e a revolução triunfa, tendo o barbeiro Porfírio como chefe. <br />Em seguida, Porfírio procura o Dr. Simão Bacamarte e diz que não pretende mais destruir o hospício. Que bastava uma revisão nos conceitos de loucura do médico, liberando os enfermos que estavam quase curados e os maníacos de pouca monta. Que isso bastaria ao povo. O alienista ouve o barbeiro, fazendo-lhe algumas perguntas sobre o que tinha acontecido nas ruas e conclui que também o líder dos Canjicas estava louco, assim como aqueles que o aclamavam. Em cinco dias, o Doutor Bacamarte mete na Casa Verde cerca de cinqüenta adeptos do novo governo, gerando outra grande indignação popular, que só termina quando entra na vila uma força militar, enviada pelo vice-rei. <br />A partir daí há uma "coleta desenfreada" para o hospício. Quase ninguém escapa. Tudo é loucura para o Doutor Bacamarte. O barbeiro, o boticário Crispim, o presidente da Câmara e a própria esposa do alienista, Dona Evarista, são recolhidos para tratamento. Quatro quintos da população de Itaguaí já estavam "agasalhados" no seu estabelecimento, quando o médico volta a surpreender a vila, anunciando ter concluído que a verdadeira doutrina sobre a loucura não podia ser aquela e sim a oposta. Ou seja, todos os que até ali tinham sido considerados loucos eram sãos; e os sãos, loucos. <br />Loucos agora são aqueles que gozam de perfeito e ininterrupto equilíbrio mental. Os que têm retidão de sentimentos, generosidade, boa-fé, inclusive o padre Lopes, que sempre defendera o médico, ou um advogado que "possuía um tal conjunto de qualidades morais que era perigoso deixá-lo na rua”.Os novos alienados mentais são divididos por classes. A dos modestos, a dos tolerantes, a dos sinceros, a dos bondosos, etc. <br />Assim, em seu processo de cura, o Doutor Bacamarte pode "atacar de frente a qualidade predominante de cada um". O modesto aprende o valor da vaidade; o generoso, o valor do egoísmo; o honesto, o valor da corrupção. Nunca doenças mentais tinham sido curadas tão rapidamente. Antes de um ano, todos os pacientes recebem alta. Itaguaí está livre da loucura. <br />Porém, no final de tudo, o alienista dá-se conta de um fato terrível: ele, Simão Bacamarte, não possuía vigor moral, amor à ciência, sagacidade e lealdade? E estas não eram as características de um verdadeiro mentecapto? Portanto o último louco da vila é ele mesmo. Então, o alienista tranca-se na Casa Verde, em busca da cura de si próprio, morrendo dezessete meses depois, "no mesmo estado em que entrou". <br />Com a leitura de O Alienista pode-se perceber claramente que Machado faz uma sátira ao cientificismo vigente nas duas últimas décadas do século XIX. A pretensão do Doutor Simão Bacamarte de classificar a mente humana e de estabelecer critérios rígidos sobre a sanidade mental das pessoas é ridicularizada impiedosamente. A Ciência confunde-se com empulhação e com a possível demência do próprio alienista. <br />A base cultural e histórica do Realismo é a ciência, que dominou as atenções na Segunda metade do século XIX, chegando mesmo a adentrar no século XX. Varreu o mundo uma onda impetuosa de materialismo, como o positivismo de Conte, o evolucionismo de Darwin, que se alastra pelo espírito humano como uma verdadeira paixão. Nasce daí o gosto pela análise (psicológica ou sociológica), a objetividade, a observação, a fidelidade, a impassibilidade, a impessoalidade, etc. que são as características dominantes no Realismo. <br />Neste sentido, pode-se dizer que o Realismo foi um estilo engajado-vetado para a realidade, assumindo uma atitude polêmica e crítica em relação à sociedade burguesa de então e aos valores apregoados pela época. Em suma, como chegou a afirmar Eça de Queiroz, "o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade”. <br />A sátira do conto, no entanto, não se volta apenas contra a ciência. Está patente também no livro a figura do barbeiro que encarna a figura dos chefes políticos. E dos ápices de ironia e sarcasmos cheio de humor a passagem em que Machado de Assis narra a tomada do governo pela força das circunstâncias, quando se invertem os papéis de modo ridículo e cômico<br />Embora no século passado, a obra machadiana se revela sempre atual, visto que a problemática apresentada pelo autor tem sentido universal: são os eternos problemas humanos que Machado, na sua visão aquilina, analisa de maneira profunda e pungente. "E vão assim as cousas humanas!" – exclama ele no cap. XI. As coisas humanas de qualquer época, porque as verdades patéticas e pungentes que envolvem a espécie humana não envelhecem. Talvez envileçam. Os séculos correm e é sempre a mesma loucura, numa repetição cada vez mais acelerada e alucinante. <br />Não será a Psiquiatra ou a Psicanálise moderna uma réplica da Ciência do Doutor Bacamarte? Será que a Casa Verde caberia os loucos do mundo atual! <br />E o barbeiro? Não encarnaria nele as pretensões políticas de tantos regimes que alastram pelo mundo, sobretudo na nossa malfadada América Latina? Há tantos exemplos de governos que sobem e descem como o barbeiro.<br />Como se vê, O Alienista é de uma flagrante atualidade. Não somente realidade brasileira ou mesmo baiana, mas sim se pode dizer que Itaguaí é apenas uma metonímia: na verdade, o fenômeno é universal, - o que parecia "uma ilha" era, na verdade, "um continente", como começava a suspeitar o Doutor Bacamarte. <br />Por trás da sátira machadiana, escondem-se os eternos e pungentes dramas humanos: é o homem na sua caminhada pela vida fora, numa corrida louca e insensata. Mais do que uma história, O Alienista é uma interpretação condensada na angústia do homem em face de sua condição de alienado na terra onde vive e sua prisão apenas desfeita pela morte ou pela loucura impiedosa. É o problema do homem de sempre em face das mesmas interrogações; que é certo que não é? A verdade? Quem está isento? Que vale, que não vale? <br />A maneira como Machado de Assis narra os fatos é bastante humorística dentro do contexto da obra. O episódio de Itaguaí, sem dúvida, não desmente as nossas tradições políticas e revolucionárias. Nem mesmo desmente as tradições do povo latino-americano. Estão aí os exemplos atuais: quase que diariamente se vê governo que cai e outro que sobe nos países latino-americanos. E o pior é que, muitas vezes, o poder cai nas mãos de mentecaptos, como esse barbeiro do conto, que pouca coisa entende além da navalha e da barba. Levados pela ambição do poder e pelas circunstâncias do momento, se elegem como ditadores vitalícios em defesa dos ideais democráticos e da ordem, em manobras rápidas e fulminantes, em que muitas vezes acabam por resultar em governos catastróficos, onde o povo apenas sofre. <br />Segundo o mestre Aurélio Buarque de Holanda, louco é aquele que perdeu a razão; alienado; extravagante; demente; que perdeu o bom senso e está dominado por intensa paixão. E a loucura seria a falta de discernimento, a insensatez, a imprudência ou simplesmente tudo o que foge às normas, que é fora do comum. <br />De acordo com definições tão amplas paremos a nos questionar: o que é a loucura? Quem são os loucos dos nossos dias? Como identificá-los? Quais são os comportamentos considerados normais pelas convenções sociais? É normal se convencionar comportamentos e classificá-los em compartimentos estanques da mesma forma que convencionamos o nome das coisas? O que justificaria dizer que você está lendo um jornal e não um livro? O alienista é o especialista em doenças mentais, atualmente mais conhecido como psiquiatra. Mas como delimitar a tênue linha que separa o sensato do insensato?<br />Seria loucura apresentar deformidades físicas e debates histéricos em programas de televisão. O que as pessoas fazem hoje em nome do entretenimento? Queimam um semelhante vivo, assistem a programas de televisão onde outros se digladiam para ganhar um mísero cachê ou por pura inocência. <br />O que é mais assustador é o índice de audiência de tais programas. É normal um aluno passar o ano inteiro estudando na turma específica de saúde e ao final do ano prestar vestibular para Direito, só porque é um curso concorrido? A visão profética de Machado de Assis sobre a espécie humana se revela válida e sempre atual. O fenômeno, igualmente, não é brasileiro, nem mesmo latino-americano. O fenômeno é, sem dúvida, universal.<br />Percebo muita semelhança entre características do Realismo, como a preocupação de mostrar a realidade, formando-lhe um retrato fiel e preciso, com a teoria critica, uma vez que essa, busca através da reflexão, da analise da realidade, traçar um perfil da sociedade em que vivemos, identificando possíveis caminhos a serem tomados, instigando através dos seus autores os indivíduos a posicionarem-se diante dos fatos.<br />Compreendo que hoje ainda vivemos essa luta entre a razão e a loucura narrada por Machado, ainda hoje os homens não tem muito discernimento ou atitude para se desvencilhar das armadilhas que lhes são impostas por outros homens, ainda vemos por exemplo, a manipulação das mentes, com o advento do neoliberalismo então, temos uma sociedade cada vez mais esvaziada de valores e conceitos importantes para o bom desenvolvimento da coletividade humana.Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-27448566765169582008-10-29T08:19:00.000-07:002008-10-29T08:23:50.244-07:00ALUNOS DISCRIMINAM NEGROS, POBRES E GAYS<strong><span style="color:#ff0000;">Pesquisa realizada pelo governo revela que o ambiente na rede pública de ensino do DF é dominado pela intolerância. Mais da metade dos alunos presenciaram cenas de discriminação por cor. Cerca de 60% testemunharam preconceito sexual e 42% já viram colegas serem insultados pela pobreza.</span></strong><br /><br /><strong><span style="color:#ff0000;">Mais da metade dos alunos presenciam discriminação nas escolas públicas<br />Erika Klingl - Correio Braziliense e Diego Amorim - Correio Braziliense<br />Publicação: 27/10/2008</span></strong><br /><br /><span style="color:#009900;">Aluno da 7ª série do ensino fundamental, Rafael* é negro. “Só que um dia o professor chamou ele de preto de sangue ruim. Daí, ele nunca voltou para a escola”, conta o colega de turma do adolescente. “É comum eu ouvir: ‘Olha, ela veio com a mesma roupa de novo.’ E eu finjo que ignoro”, desabafa uma menina do 1º ano do ensino médio. “Aqui, se a pessoa tiver um jeito estranho já é gay e acaba sendo zoada”, afirma Carolina*, da 8ª série. Em comum, essas histórias têm o cenário — salas de aula da rede pública de ensino — e o preconceito.</span><br /><br /><span style="color:#009900;">“A escola é um ambiente cheio de conflitos, o que não é ruim. Mas quando eles não são mediados de forma adequada acaba resultando em violência, mesmo que simbólica”, explica a socióloga Miriam Abramovay, responsável por uma pesquisa que, pela primeira vez, diagnosticou a violência da rede pública de ensino no DF. O levantamento, feito com mais de 11 mil pessoas, entre alunos e professores, abordou o problema nas escolas de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e no ensino médio. A análise reflete um universo de mais de 186 mil estudantes e outros 20 mil docentes. Os dados relacionados ao preconceito são assustadores.</span><br /><br /><span style="color:#009900;">Nada menos que 55% dos estudantes já viram discriminação nas escolas por causa da cor e quase 13% contam que sofreram. Em números absolutos, isso representaria 24 mil adolescentes. Mas o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a discriminação por causa da pobreza, sentida por 6,1% dos estudantes e vista de perto por 42%. “A gente não imagina que os números sejam tão altos”, observa Miriam. Nas entrevistas, ela ouviu expressões que a chocaram. “Assentamento Haiti é nome de rua de Santa Maria. Churrasquinho é apelido de negros.” Para a educadora Beatriz Castro, o fato preocupa. “Fica a dúvida se a escola cumpre o papel de formar cidadãos”.</span><br /><br /><span style="color:#009900;">Desmaio </span><br /><span style="color:#009900;"></span><br /><span style="color:#009900;">Quando o assunto é preconceito por ser ou parecer homossexual, os casos são ainda mais freqüentes: 63% dos alunos dizem que já viram discriminação. Dos estudantes do ensino médio, 4,3% já sentiram na pele a discriminação. Maurício* foi um deles. Tanto ouviu que um dia não agüentou tanta zombaria. Durante a apresentação de dança na feira cultural do Centro de Ensino Médio 3 de Ceilândia, duas semanas atrás, até tentou abstrair os xingamentos que ouvia, os gritos de veado e baitola. Mas, quando acabou a música, desmaiou. “Ele já estava nervoso. Com o povo zoando, ficou mais ainda. Aí desceu do palco, foi andando até o fim do auditório e caiu”, descreve um aluno da 7ª série. O episódio ainda é comentado entre os estudantes. Maurício, segundo a turma, é homossexual assumido.</span><br /><br /><span style="color:#009900;">Os que gostam de ser os “malandrões” do colégio são os que mais zoam os colegas. Para sustentarem o status, costumam atingir os mais fracos, os negros, os gordos, os mais pobres, os baixinhos. Agridem com palavras, comentários, risadas. “O pessoal fica mangando de mim direto, me chamando de ‘limpador de aquário’, essas coisas. Mas deixo quieto. Um dia ou outro eles vão cair na real”, diz um garoto de 14 anos, 1,51m de altura, aluno da 8ª série do Centro de Ensino Fundamental 4 de Ceilândia. Na cidade em que mora e estuda, os xingamentos já foram ouvidos por 42% dos estudantes. Isso porque Ceilândia está longe de estar entre as piores. De acordo com a pesquisa, em Brazlândia e Santa Maria, metade dos estudantes costumam sofrer violência desse tipo.Auto-estima e 14º salário.</span><br /><br /><span style="color:#009900;">Para melhorar as relações entre professores e alunos das escolas, o governo aposta em duas estratégias. A primeira é o investimento na auto-estima dos docentes e na satisfação pessoal. Para isso, implementa, desde o início do ano, o plano de cargos e salários da categoria — que privilegia tempo de serviço, títulos e merecimento. Além disso, o governador José Roberto Arruda criou o 14º salário, que será pago a partir de 2009, para os professores e servidores que trabalham nas escolas que cumprirem metas de qualidade de ensino e gestão.<br />No combate à discriminação nas salas de aula, a estratégia é incluir os temas relacionados às minorias nas matérias ensinadas nas escolas. “A história da África, por exemplo, pode fazer parte do conteúdo de português, geografia, história, sociologia”, explica a secretária-adjunta de Educação, Eunice Oliveira. Os conceitos são passados, de acordo com ela, de forma transversal, ou seja, permeando a teoria. “O mesmo pode ser feito com outras temáticas ligadas aos direitos humanos.” (EK e DA)</span><br /><br /><span style="color:#009900;">Prejuízo claro ao aprendizado</span><br /><br /><span style="color:#009900;">A insegurança no ambiente escolar reflete no bem-estar de todos os personagens do sistema de ensino. Os números são alarmantes. Por parte dos professores, 43% afirmam que não se sentem respeitados, ao passo que 38,7% dizem ter espaço para dizer o que pensam. E o pior: 79% declaram que não se sentem realizados profissionalmente. É só acompanhar a história de um professor de Brazlândia que pediu para não ter o nome divulgado para entender o que significam os indicadores. O quadro de saúde dele se agravou depois de ser alvo de agressões de alunos. Ele sofre de pressão alta, toma remédio controlado e, por isso, anda meio sonolento.<br />Em um dia de prova, depois de distribuir as questões, o professor não suportou o cansaço e dormiu na carteira. Alguns alunos não perdoaram: o xingaram de gordo, lerdo, careca. O professor chorou, passou mal e saiu da sala. “Fazem isso para chamar atenção da turma. Para o pessoal comentar: ‘Olha, ele enfrenta até o professor’”, comenta uma aluna de 16 anos, do 1º ano.</span><br /><br /><span style="color:#009900;">No ano passado, outro professor, dessa vez do Centro de Ensino Médio 417, de Santa Maria, encontrou motivos para se sentir insatisfeito no ambiente de trabalho. Uma aluna não gostou de ter sido repreendida por ele e apelou. Pegou a mesa e, descontrolada, jogou-a em direção ao docente. Ela foi expulsa, mas, segundo estudantes do colégio, já voltou à sala de aula. Na mesma escola, ainda no ano passado, outro professor levou um tapa em sala. O agressor também reagiu a uma repressão. “A gente já se acostumou com esse ambiente. Tem que acostumar”, comenta uma estudante de 14 anos, do 1º ano. “Mas para quem está de fora, ouvir esse tipo de coisa deve ser estranho mesmo”, completa a colega de turma dela, de 16 anos.</span><br /><br /><span style="color:#009900;">Ambiente pesado</span><br /><span style="color:#009900;"></span><br /><span style="color:#009900;">As ofensas e agressões, que muitas vezes são físicas, pesam no aprendizado. A percepção é de professores e alunos: 42% dos estudantes reconhecem que o clima de violência reduz a qualidade da aula e quase 40% admitem dificuldade em se concentrar. Fora os 39,8% que não sentem vontade de ir à escola. Entre os professores, os índices de resposta a essas perguntas foram maiores: 71% acreditam que, com a violência, o ambiente da escola fica pesado; 67,6% afirmam que a qualidade das aulas diminui; 64,8% acreditam que os alunos não se concentram nos estudos e 55,1% dos professores afirmam que os alunos não sentem vontade de ir à escola devido à violência. (EK e DA)</span><br /><br /><span style="color:#009900;">*Nomes trocados para proteger os alunos</span>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2422878592749742746.post-47234780843899185152008-08-18T16:47:00.000-07:002008-08-18T17:09:14.002-07:00PERCEPÇÕES DA PRÁTICA EDUCATIVA EM RELAÇÃO À HOMOSSEXUALIDADE NO MEIO ESCOLAR[1]<div align="center"><br /><span style="color:#cc33cc;"><br /><br /></span></div><div align="right"><span style="color:#cc33cc;">Taisa de Sousa Ferreira</span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2422878592749742746#_ftn2" name="_ftnref2"><span style="color:#cc33cc;">[2]</span></a><br /><a href="mailto:taysynha18@gmail.com"><span style="color:#cc33cc;">taysynha18@gmail.com</span></a><br /><span style="color:#cc33cc;"><br /><br /><br /><span style="font-size:78%;"></span></span></div><div align="justify"><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:78%;">O presente trabalho refere-se a um estudo realizado sobre a compreensão e a prática pedagógica de professores em relação à homossexualidade. Tal estudo objetivou discutir a formação docente acerca das questões que envolvem a diversidade sexual. Para tanto, buscou verificar como a homossexualidade era considerada/discutida numa escola pública de Feira de Santana, buscando verificar se (e de que forma) os professores contribuíam para a perpetuação do preconceito ou para o respeito às diferenças relativas à sexualidade. A pesquisa realizada demonstrou que apesar de se caracterizar como algo importante, a discussão da homossexualidade nas escolas, ainda hoje é quase inexistente. Assim, no sentido de ressaltar a importância de que posturas sejam repensadas no espaço educacional, o presente estudo apresenta discussões sobre a diversidade cultural, a sexualidade na escola e as construções do gênero e da sexualidade enquanto questões sociais urgentes, além de uma abordagem sobre as bases legais que fundamentam o trabalho com a diversidade sexual.<br /></span><br /><br />Palavras - chave: Homossexualidade, diversidade sexual, práticas educativas, escola.<br /><br /><br /><strong>INTRODUÇÃO</strong><br /><br /><span style="font-size:130%;">A instituição escolar tem o papel fundamental de proporcionar ao indivíduo um ambiente favorável para a aprendizagem, de modo que ocorra o desenvolvimento das condições intelectuais, bem como a construção de uma cidadania crítica e solidária. Constitui, no imaginário coletivo, o espaço privilegiado para formação da criança, do adolescente e do jovem. Seu papel é entendido como devendo ir além da socialização do conhecimento. Dela se espera também que socialize hábitos de relações intersubjetivas de paz, que ao se entrelaçarem no tecido social, confiram sustentação ao exercício dos direitos e deveres no convívio dos indivíduos e das comunidades. </span></span></div><div align="justify"><br /><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">Segundo Andrade (2004), evocando os Parâmetros Curriculares Nacionais, a prática administrativa e pedagógica do sistema de ensino está sob a proteção de três recomendações: estética da sensibilidade, política da igualdade e a ética da identidade. Nesse sentido, a escola enquanto espaço de formação necessita incorporar no seu espaço a discussão acerca da diversidade da cultura humana, a fim de não reforçar a exclusão das minorias. </span></div><div align="justify"><br /><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:130%;">Na sociedade contemporânea, num contexto em que o conhecimento cientifico e tecnológico é cada vez mais valorizado, em que a força de trabalho esta cada vez mais dividida, e os interesses capitalistas determinam em muitas instâncias a forma de viver dos sujeitos, cabe à educação, formar cidadãos críticos que sejam capazes de transformar sua relação com o meio social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais.<br />Segundo Gadotti, citado por Fernandes (2005): </span><br /><br /><span style="font-size:78%;">[...] a diversidade cultural é a riqueza da humanidade. Para cumprir sua tarefa humanista, a escola precisa mostrar aos alunos que existem outras culturas além da sua. Por isso, a escola tem que ser local, como ponto de partida, mas tem que ser internacional e intercultural, como ponto de chegada. [...] Escola autônoma significa escola curiosa, ousada, buscando dialogar com todas as culturas e concepções de mundo. Pluralismo não significa ecletismo, um conjunto amorfo de retalhos culturais. Significa sobretudo diálogo com todas as culturas, a partir de uma cultura que se abre às demais (p.67).</span><br /><br /><br /><span style="font-size:130%;">Assim, a escola não pode se calar em face do contexto plural, multicultural das sociedades onde se insere, nem face às implicações éticas de suas formulações na formação de cidadãos. O educador deve enxergar as escolas como locais econômicos, culturais e sociais que estão interligados às questões de poder e controle, as quais através de sua prática pedagógica devem dar condições aos seus alunos para que estejam criticamente atentos à origem histórica e socialmente construída dos seus conhecimentos e experiências.<br /><br />As questões do multiculturalismo, de etnia, de gênero, da identidade, do poder, do conhecimento, da ética e do trabalho, não podem ser ignorados pelos educadores, pois os mesmos exercem um importante papel na definição do significado e do objetivo da escolarização, sobre o que é ensinar, sobre a forma de que os estudantes devem ser ensinados para viver num mundo que a cada dia é mais percebido como espaço de disputa.<br /><br />Como afirma Louro (1999),</span></span><a name="t9"></a><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:130%;"> a escola é uma entre as múltiplas instâncias sociais que exercitam uma pedagogia da sexualidade e do gênero, colocando em ação várias tecnologias de governo. Esses processos prosseguem e se completam através de tecnologias de autodisciplinamento e autogoverno exercidas pelos sujeitos sobre si próprios, havendo um investimento continuado e produtivo desses sujeitos na determinação de suas formas de ser ou "jeitos de viver" sua sexualidade e seu gênero.<br /><br />Por compreender a escola como um dos mais importantes locais no que diz respeito ao convívio social da criança e do adolescente, por ser um lugar em que se aprende sobre a cultura das diversas sociedades, enfim por entender que a principal responsabilidade da escola é formar cidadãos, fazendo-os reconhecer sua identidade, avaliando que para cumprir seu papel de educar, ela precisa respeitar a todos, sendo assim não deve isentar-se de favorecer a construção de determinados valores nos seus alunos para que as práticas de convivência social, na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer sejam as melhores possíveis, considerando que em relação à homossexualidade há ainda muitos preconceitos e entendendo a instituição escolar como reflexo da vida cotidiana, mas também como local de múltiplas transformações, esse estudo buscou construir um olhar sobre como à diversidade sexual vem sendo tratada no cotidiano escolar.<br /><br />Trata-se de um estudo envolvendo estratégias metodológicas qualitativas, realizado em uma escola de ensino fundamental e médio em Feira de Santana. Na primeira etapa, foi apresentada a proposta de estudo aos docentes da escola (objeto de estudo), depois foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com quatro docentes, cujos resultados embasaram a construção um olhar acerca da maneira como a diversidade sexual e a sexualidade são trabalhadas no ambiente educativo escolhido.<br /><br />Neste artigo é apresentado um panorama da prática educativa e da compreensão dos docentes de uma escola pública de Feira de Santana em relação à homossexualidade. Pretendeu-se, portanto, verificar como a homossexualidade era considerada/discutida, buscando verificar se (e de que forma) os professores contribuíam para a perpetuação do preconceito ou para o respeito às diferenças relativas à sexualidade.<br /></span><br /><br /><strong>MÉTODO</strong><br /><br /><span style="font-size:130%;">O contato com o colégio objeto de pesquisa iniciou-se através da vice-diretora do turno matutino do colégio escolhido, a qual intermediou o contato com professores da unidade escolar. Na perspectiva de conhecer possíveis ações pedagógicas e curriculares no cotidiano escolar em relação à homossexualidade, a proposta do estudo (a descrição do tema e do objetivo da pesquisa) foi apresentada individualmente aos professores e a seguir foram marcadas entrevistas com os interessados.<br /><br />Foram entrevistados quatro professores (dois homens e duas mulheres) com faixa etária entre 23 e 45 anos, dois ocupantes do cargo de vice-diretor, formados nas áreas de Matemática, Física, Geografia e Ciências Biológicas, docentes de uma escola pública de médio porte que atende ao ensino fundamental e médio, localizada no Conjunto Feira VI, em Feira de Santana. A decisão de escolher dois professores de cada sexo sustenta-se no objetivo de perceber os diferentes olhares e práticas de acordo com o gênero do docente, buscando fazer uma breve comparação com a pesquisa da Unesco sobre juventudes e sexualidades.<br /><br />Os dados foram produzidos mediante o dialogo informal, a realização de entrevistas semi-estruturada e o preenchimento de questionário. Foram realizadas três entrevistas registradas em áudio e o preenchimento de um questionário. </span></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2422878592749742746#_ftn3" name="_ftnref3"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">[3]</span></a><span style="font-size:130%;"><br /></span><span style="color:#cc33cc;"><br /><span style="font-size:130%;">No momento da realização das entrevistas foi enfatizado pela pesquisadora, que o nome de cada participante seria mantido em sigilo, ou seja, seriam substituídos por nomes fictícios. Foi esclarecido, também, que não eram esperadas "respostas certas" por parte dos (as) participantes, mas sim as suas opiniões e posicionamentos pessoais em relação às questões abordadas.<br /><br />Foi elaborado, inicialmente, um quadro com todas as entrevistas realizadas. Tal quadro consistiu na realização de comentários sintéticos e na transcrição das entrevistas, foram selecionados trechos considerados interessantes ou significativos das entrevistas. Buscou-se, na transcrição das entrevistas, integrar às verbalizações os elementos paralingüísticos </span></span><a name="top08"></a><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:130%;">(como, por exemplo, a ênfase em certas palavras), visando o enriquecimento da análise e possibilitando uma maior compreensão da dimensão metacomunicativa (relacional) presente no momento da entrevista.<br /><br />A análise das entrevistas buscou, nas narrativas dos (as) participantes, evidenciar compreensão e a prática pedagógica de professores em relação à homossexualidade, procurando visualizar a formação docente à cerca das questões que envolvem a diversidade sexual, e verificar se (e de que forma) os professores contribuem para a perpetuação do preconceito ou para o respeito às diferenças relativas à sexualidade. As análises foram orientadas a partir das seguintes categorias temáticas: (a) a formação do professor, (b) a compreensão sobre o papel do educador, (c) a homossexualidade, (d) o preconceito, (e) o trabalho em sala de aula envolvendo a discussão acerca da homossexualidade.<br /><br /></span><br /><strong>RESULTADOS E DISCUSSÃO</strong><br /><br /><span style="font-size:130%;">O estudo realizado demonstrou que apesar de se caracterizar como algo importante, a discussão da homossexualidade nas escolas, ainda hoje é quase inexistente. O papel que a escola tem assumido perante a homossexualidade e as situações que a envolvem, tem sido do ocultamento, o da omissão ou negação.<br /><br />O preconceito é um fenômeno que apresenta sua gênese no universo simbólico da cultura, nas relações de poder que atravessam as diversas instâncias da sociedade, apresentando, portanto, uma dimensão coletiva. Por outro lado, considerando a gênese social do desenvolvimento individual, o preconceito traz implicações no plano das interações sociais e no plano subjetivo, na forma como o sujeito vivencia, em termos cognitivos e afetivos, as suas experiências cotidianas, organiza a sua compreensão sobre si mesmo e sobre o mundo social em que está inserido.<br /><br />A negação assumida pelas instituições escolares é profundamente ofensiva aos homossexuais, visto que para eles, sua aparente não-existência na escola e o silêncio estruturado em torno de sua identidade sexual contribuem para que os mesmos só se reconheçam como indesejados ou desviantes.<br /><br />Além disso, constatou-se a existência de discriminação e preconceito contra homossexuais na escola e sua manifestação através de diversas formas. Podemos afirmar, inclusive, que esta constatação é o denominador comum de todas as entrevistas realizadas.<br /><br />Foram relatados apenas conflitos nas relações entre alunos, nenhum docente afirmou ter vivenciado ou visto conflito nas interações entre professor e aluno. Vale ressaltar que a maioria das situações relatadas estaria relacionada a violências verbais para com os/as alunos as) considerados homossexuais<br /><br />Os entrevistados afirmam que o preconceito pelos jovens se dá em função de questões culturais em especial pelo não estimulo e não ensino do respeito ao outro na educação. Observemos as falas:<br /><br /></span><span style="font-size:78%;">“Na nossa sociedade, o menino foi criado desde bebê para ser o homem ser macho e mulher para ser fêmea, você nunca dá para sua filha de um ou dois anos, uma bola, você não dá boneca ao seu filho. Você não enche seu filho de bichinho de pelúcia. Para a menina, você compra o quartinho rosa e você arruma em azul o do menino, e o da menina rosa, você é criado para ser sexos separados. Homem é homem, mulher é mulher, quando ele se depara, onde homem faz o papel de mulher, há um choque e ai todo esse motivo desse preconceito, e outro detalhe importante, enquanto seres humanos, nós não somos educados, principalmente na fase da infância a respeitar as escolhas dos outros, nós somos criados para ser egoístas”. (Clemente)</span><br /><br /><br /><span style="font-size:130%;">Na fala do professor Clemente vemos sua compreensão acerca da existência do preconceito. Para ele, principalmente quanto à forma como é construída a identidade de gênero na nossa sociedade, e como os homens e mulheres têm seus papeis separados, são elementos determinantes para que o preconceito faça parte do cotidiano dos seres humanos.<br /><br />A professora Nádia diz que:<br /></span><br /><span style="font-size:78%;">Eu acho que isso passa por uma questão ainda de formação, em geral o jovem não é educado para ser sensível, então quando ele descobre que um colega dele é homossexual, para ele é um choque, porque ele não foi criado para isso. Precisamos de uma cultura de educação voltada para o respeito mutuo de todos. Esse preconceito que vemos é cultural, contra o branco, o negro, o homem, a mulher, isso foi largamente desenvolvido, há alguns anos vem sendo melhorado né, mas ainda tem muita coisa a ser feita.</span><br /><br /><span style="font-size:130%;">Em geral, os professores demonstraram discordar de praticas preconceituosas, destacando a importância do respeito ao outro, do respeito à diferença, mas em alguns momentos pode ser percebido algumas concepções que evidenciam o preconceito disfarçado. Tomemos como exemplo a fala do professor Clemente:</span><br /><br /></span><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:78%;">“há alguns bons anos atrás, era um tabu muito grande, então você tinha uma sociedade que reprimia que condenava até certo ponto essa “marginalização” do ser humano homossexual. Nos últimos 10 a 15 anos, a sociedade passou a entender que, a comunidade homossexual é grande, ela é economicamente ativa, há interesses financeiros, interesses políticos, interesses diversos, e passaram a aceitar essa comunidade, como sendo algo que você realmente não tem mais como fingir que não existe [...] hoje há uma grande abertura, de certa forma, não sei se favorável ou não, você vê toda novela, todo programa de tv, existe o caso do homossexualismo, como sendo algo normal, aceito, compreensível, nada demais, e isso pode estar fazendo com que muitos jovens que antes tinham essa predisposição reprimida, hoje eles estão aflorando assim de forma alarmante e de certa forma preocupante. Porque você tem um jovem que ele não tem uma formação moral ainda muito cedo não tem a formação psicológica adequada, e ele se encaminha por esse caminho, eles vão e muitas vezes pela falta de experiência, porque alguém chamou, porque alguém indicou, lhe deu um pouco do carinho que falta em casa, essa atenção, esse cuidado, então é um problema, acho muito grave, reprimir como se reprimia há 40 anos atrás. Não se pode mais. Mas talvez se incentivar essa cultura, como eu acho que esta sendo incentivada, talvez não seja o caminho, a gente precisa muito discutir sobre isso, analisar e ter realmente ter uma cautela no trabalho”. Clemente – nome fictício [ grifos meus]<br /></span><br /><span style="font-size:130%;">É interessante notar que na mesma medida em que ressalta a importância de um despertar da sociedade para a existência dos homossexuais como sujeitos constituintes da mesma, como sujeitos possuidores de uma história, o professor Clemente demonstra certo receio, preocupação no que diz respeito à ampliação da discussão acerca da homossexualidade na sociedade e as conseqüências e sutilmente expõe seu preconceito.<br /><br />Britzman citada por Louro (1997) afirma que:</span><br /><br /><span style="font-size:78%;">Muitas pessoas têm medo de que a mera menção da homossexualidade vá encorajar práticas homossexuais e vá fazer com que os jovens se juntem as comunidades gays e lésbicas (p.138).</span><br /><br /><span style="font-size:130%;">A autora diz ainda que a preocupação, exemplificada na fala do professor Clemente, reflete a idéia de que a simples discussão vai promover recrutamento de jovens inocentes ao mundo homossexual. A impressão é a de que o não saber sobre o tema seria talvez uma garantia de que o (a) estudante irá “preferir” ser heterossexual<br /><br />Em momentos de conflitos, muitos educadores, apenas observam as situações sem discutir ou tentar viabilizar através de sua pratica educativa soluções que envolvam instrumentos que viabilizem mudanças de postura no que diz respeito ao comportamento preconceituoso.<br />Martins (2001) afirma que os educadores tendem a defender condutas que condizem com os comportamentos considerados aceitáveis pela sociedade, muito embora a maioria dos professores concorde com a introdução de temas contemporâneos no currículo, tais como prevenção às drogas, saúde reprodutiva, muitos continuam a tratar a homossexualidade como doença, perversão ou deformação moral. Dizem lidar com a questão da homossexualidade de maneira natural, dizendo encarar a expressão sexual dos estudantes como um fator natural, mas na realidade buscam disfarçar o preconceito.<br /><br />O preconceito disfarçado pode ser observado, por exemplo, na fala do professor Juremar quando questionado sobre sua compreensão acerca da existência da discriminação a homossexualidade: </span></span></div><div align="justify"><br /><span style="color:#cc33cc;">“<span style="font-size:78%;">Uma serie de coisas não se muda em dez anos ou cinco anos, você tem que levar sei lá toda uma geração e mais gerações, fazer um trabalho lento, muito lento, para mudar toda uma estrutura de vida, ta sendo alterado graças a deus, mas ainda falta muito, a mesma coisa com o preconceito com homossexualismo, hoje você já consegue ver digamos assim...um homossexual na rua e não se espantar, né... antigamente você via e se espantava, hoje você vê que o numero de homossexuais está crescendo muito...não é porque eles não existiam, hoje eles já se dão ao direito de se expressar seus sentimentos”. [grifos meus]</span><br /><br /><span style="font-size:130%;">Depreende-se, pois, que, apesar de julgar importante a perspectiva de mudança da postura na sociedade em relação aos homossexuais, o professor coloca a homossexualidade como algo fora do normal.<br /><br />De modo geral, pôde ser observado que quando os professores decidem falar sobre homossexualidade, fazem de maneira superficial e pouco influenciam a maneira que os adolescentes encaram suas questões e conflitos.<br /><br /></span></span><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:130%;">Quando perguntados se discutem ou já discutiram temas associados à sexualidade ou a homossexualidade nas suas aulas, os professores deram o seguinte depoimento</span>:</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:78%;"><br />“Não, pois não faz parte dos conteúdos da minha disciplina” (Juremar – professor de física).<br /><br />“Muito pouco, e de forma informal com um pequeno grupo, porque não é de minha formação, da minha disciplina” (Clemente – professor de matemática).</span><br /><br /><span style="font-size:130%;">Dois aspectos podem ser destacados no depoimento dos entrevistados: o entendimento dos mesmos de que por atuarem com disciplinas da área de exatas a discussão acerca da homossexualidade não pode ser abordada nas suas aulas; e a utilização da conversa informal como medida pedagógica para evitar a discriminação.<br /><br />Observa-se na reflexão dos entrevistados, que tanto o professor Juremar quanto o professor Clemente alegando não serem formados para tal atuação acabam por assumir no exercer de sua pratica educativa a posição de silenciamento perante a temática.<br /><br />Refletindo sobre a prática educativa no ambiente escolar, os entrevistados ponderam ainda que: </span><br /><br /></span><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:78%;"><br />“É importante, principalmente em disciplinas como filosofia, sociologia, língua portuguesa, biologia, buscando discutir o direito de escolha que cada cidadão tem em relação a sua opção sexual” (Juremar).<br /><br /><br />“A escola que tem que ir atrás de solucionar esse problema, não tem mais como ficar esperando. É uma questão que tem que rever, realmente e já. Agora volto a afirmar, tem que ter profissionais capacitados, para não fazer a base do eu acho, eu quero, entendeu? Não ficar na coisa empírica, simplesmente, eu que acho que é melhor assim. Para isso precisa haver uma capacitação de profissionais voltados a isso, tem que ter alguém, eu como professor de matemática, não me sinto preparado para discutir isso na sala” (Clemente).<br /><br /><br />“Deve ser inserida para que o preconceito possa ser desconstruido, quanto mais for debatido, melhor será para as pessoas. Os professores têm que se responsabilizar em disponibilizar espaços para a discussão” (Gabriela).<br /><br />Acho que o papel do educador é discutir sobre todos os temas que vão favorecer o crescimento do educando, que vai contribuir para o desenvolvimento de um individuo critico, capaz de intervir na sua sociedade, capaz de respeitar todos, inclusive a si mesmo. Assim falar sobre homossexualidade, combater o preconceito religioso, étnico, sexual, deve ser um projeto de toda a escola a meu ver, nós professores devemos unir forças para que o papel que nos foi dado seja cumprido e em todos os momentos trazer o debate para nossas aulas. (Nádia).</span><br /><br /><span style="font-size:130%;">Está colocado no depoimento do professor Juremar o entendimento de que a homossexualidade deve ser restrita a determinadas disciplinas escolares e, por conseguinte, a idéia de que deve ser trabalhada por profissionais específicos, posição que o faz implicitamente estar legitimando a não focalização institucional da temática de modo transversal, algo que está garantido nas leis educacionais. Tais práticas docentes, sob o véu da neutralidade técnica, legitimam o silenciar das diferentes “vozes” que chegam a nossas escolas.<br /><br />Podemos perceber também na fala do professor Juremar a compreensão de que a homossexualidade a seu ver é uma escolha. Idéia que é compartilhada por muitos na sociedade, mas que para os grupos de defesa dos direitos homossexuais não é aceita. De acordo com Ribeiro e Francino (2007):<br /></span><br /></span><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:78%;">A única escolha que de fato o homossexual pode tomar, é a de viver a sua vida de acordo com a sua natureza, ou de acordo com o que a sociedade espera dele. É absurda a idéia de que esses indivíduos escolheriam uma vida que os leva à rejeição, tanto por parte da família, como dos amigos e da sociedade. Se pudessem, muitos evitariam a vergonha, o medo, à exposição e o isolamento (p.5).<br /><br /></span><span style="font-size:130%;">Os professores afirmaram que a formação acadêmica não os habilitou para tal discussão, e dizem que nem mesmos em ambientes universitários é um assunto comum. A exceção da professora Gabriela, todos pontuaram nunca terem participado ou ouvido falar de cursos de formação de professor com o tema da diversidade sexual.<br /><br />Foi verbalizada pelos docentes a necessidade de formação especifica para o trabalho com ás questões identitárias relativas à diversidade cultural e, em particular, a diversidade sexual, formação que os dê condições de atuar pedagogicamente com seus alunos no tocante a questão da homossexualidade.</span></span></div><div align="justify"><br /><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:130%;">Pode-se perceber através das falas acima, que há uma ausência de conhecimento sobre a diversidade sexual, e uma ausência de práticas escolares que incentivem o debate, e os esclarecimentos das dúvidas que minimizem a homofobia. Quando se trata de homossexualidade no ambiente escolar, fica evidente que professores e orientadores ainda não estão preparados para lidar com o tema.<br /><br /><br /></span><strong>CONSIDERAÇÕES FINAIS</strong><br /><br /><span style="font-size:130%;">Neste estudo, buscou-se entender como a homossexualidade é trabalhada no meio escolar, pretendendo verificar de que forma os professores contribuem para a perpetuação ou amenização do preconceito às diferenças relativas à sexualidade. De pronto, é preciso afirmar que não se pretendeu, com o exposto, apresentar noções acabadas, mas sim idéias que conduzam ao aprofundamento e ampliação de discussão acerca da temática.<br /><br />Não há duvida que a escola configura-se como um local de ampla diversidade de experiências, em que os sujeitos envolvidos no processo de educacional são sujeitos sócio-culturais com um saber, uma cultura, com um projeto de vida. Contudo, inserida no bojo de uma sociedade em que se constatam grandes desigualdades no acesso a bens econômicos e culturais por parte dos diferentes grupos, em que determinantes de classe social, raça, gênero e sexualidade atuam de forma marcante, a escola tem produzido a exclusão daqueles grupos cujos padrões étnico-culturais, de gênero, de sexualidade, não correspondem aos dominantes.<br /><br />Devido ao tratamento uniforme que é dada a sexualidade dentro da escola, muitos alunos escondem dos professores, dos colegas de sala, dos funcionários, sua expressão sexual pelo receio de sofrer discriminação. Isso porque existem ainda, infelizmente, olhares que trazem consigo uma definição engessada e conservadora, de como os jovens deveriam ser e agir.<br /></span></span></div><div align="justify"><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:130%;">Através da pesquisa realizada se pôde constatar que sexualidade e mais especificamente, a homossexualidade são entendidas como temas necessários a serem discutidos na escola, visto o potencial que a escola tem para construção de conhecimento. Contudo faltam atores que assumam tal responsabilidade. Apesar da consciência da urgência da discussão, a mesma não é feita, e quando surge no ambiente escolar é relegada ao professor da área de Ciências Biológicas ou a um pretenso especialista.<br /><br />Na escola, a discussão acerca do preconceito contra a homossexualidade deve ser vista como uma questão a ser enfrentada, trabalhada e não deixada de lado, em função de medos ou preconceito. Se o conceito de “homossexual” foi (mal) construído historicamente, pode-se, pelos mesmos caminhos, propor novos paradigmas a essa manifestação da sexualidade. Tal raciocínio vale também para a disseminação de estereótipos, já que, enquanto processo social, eles podem ser desconstruídos da mesma forma pela qual surgiram.<br /><br />Se a discriminação exerce um peso negativo sobre a vida dos homossexuais, a luta para erradicá-la é mais que justa e legítima. A realização de novas pesquisas sobre esta temática é, portanto, de suma importância. Afinal, os conhecimentos produzidos podem colaborar na transformação social, na construção de uma cultura democrática de valorização da diversidade em todos os níveis.</span><br /><br /><br /></span><span style="color:#cc33cc;"><strong>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E ELETRÔNICAS<br /></strong><br />ALTMANN, H. Orientação Sexual nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Estudos Feministas. 2° semestre, 2001. p.575 - 585<br /><br />ANDRADE, Cristiane Pinto de. Concepções sobre Diversidade de Orientações Sexuais veiculadas nos livros Didáticos e Paradidáticos de Ciências e Biologia. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2004<br /><br />ANTUNES, Celso. Vygotsky, quem diria?!: em minha sala de aula. Rio Janeiro: Vozes 2002.<br /><br />BRANDAO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1981.<br /><br />BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília DF, 1998.<br /><br />CANDAU, Vera Maria Ferrão. Sociedade, cotidiano escolar e cultura(s): uma aproximação. Educ. Soc., Campinas, v. 23, n. 79, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 73302002000300008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 12/10/ 2007<br /><br />CANEN, Ana. FRANCO, Monique. OLIVEIRA, Renato José de. Ética, Multiculturalismo e educação: Articulação Possível? In: Revista Brasileira de Educação, n.13 (jan./fev./mar/abr. 2000). Rio de Janeiro: 2000.<br /><br /><br />ERIKSON, Erik, Hambúrguer. Infância e Sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, 7ªEd<br /><br />FAGUNDES, Tereza Cristina Pereira Carvalho (ORG.) Ensaios sobre educação sexualidade e gênero. Salvador: Helvécia, 2005.<br /><br />FERNANDES, José Ricardo Oriá. Ensino de história e diversidade cultural: desafios e possibilidades. Cad. CEDES, Campinas, v. 25, n. 67, 2005 . Disponível em: <http: script="sci_arttext&pid=s0101-32622005000300009&lng=pt&nrm=iso">. Acesso em: 12/10/ 2007.<br /><br />GIROUX, Henry A. Praticando estudos culturais nas faculdades de educação. In: Alienígenas na sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.<br /><br />GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia critica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.<br /><br />LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.<br /><br />LOURO, Guacira. Pedagogias da sexualidade. In (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.<br /><br />MARTINS, Vicente. A homossexualidade no meio escolar. Disponível em:www.psicopedagogia.com.br/artigos. 30/10/2001. Acesso em 30/11/2005 as 15h00min<br /><br />MOREIRA, R.L.B.D.. Crítica ao modelo interacionista da identidade de gênero. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, 6 (2), p. 210-218. 1995<br /><br />MOTA, Murilo Peixoto da. Gênero e sexualidade: fragmentos de identidade masculina nos tempos da Aids. Cad. Saúde Pública v.14 n.1 Rio de Janeiro ene./mar. 1998. Disponível em : </span><a href="http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1998000100022&lng=es&nrm=iso&tlng=pt"><span style="color:#cc33cc;">http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1998000100022&lng=es&nrm=iso&tlng=pt</span></a><a name="_Hlt155336784"></a><span style="color:#cc33cc;">. Acesso em 30/12/2006 às 13h51min.<br /><br />MOTT, Luis. A revolução homossexual: o poder de um mito. In: Revista USP, n. 1 (mar/abr./mai 2001) São Paulo: USP, CCS, 2001.<br /><br />PINTO, E.B. Orientação Sexual na Escola: a importância da Psicopedagogia nessa nova realidade. São Paulo: Gente, 1999.<br /><br />_______. A implantação da Orientação Sexual na Escola. In: </span><a href="http://cadernodigital.uol.com.br/guiadosexo/artigos/implantacao.htm.%20Acesso%20em%2022/11/2007"><span style="color:#cc33cc;">http://cadernodigital.uol.com.br/guiadosexo/artigos/implantacao.htm. Acesso em 22/11/2007</span></a><span style="color:#cc33cc;"> ás 16h35min.<br /><br /><br />RIBEIRO, Arilda Inês Miranda. FRANCINO, Andréia Cristina. A leitura que se faz da homossexualidade na escola: ausência de conhecimento sobre a diversidade sexual. 11.07/2007. Disponível em: h</span><a href="http://www.alb.com.br/anais16/sem03pdf/sm03ss15_04.pdf"><span style="color:#cc33cc;">http://www.alb.com.br/anais16/sem03pdf/sm03ss15_04.pdf</span></a><br /><span style="color:#cc33cc;"><br />SILVA JÚNIOR, Jorge Luiz da. GUEI: nem comédia nem drama, um programa de TV contra o preconceito. Juiz de Fora: UFJF; Facom, 2. sem. 2004, 97 fls. Projeto Experimental do Curso de Comunicação Social. Disponível em: </span><a href="http://www.facom.ufjf.br/projetos/"><span style="color:#cc33cc;">http://www.facom.ufjf.br/projetos/</span></a><span style="color:#cc33cc;">. Acesso em 08/02/2008 às 21h 33 min.<br /><br />SILVA, Léo, Homossexualidade e exclusão escolar: A discriminação na escola leva a evasão dos alunos homossexuais? Disponível em: http:// </span><a href="http://www.educacaopublicarj.gov.br/jornal/materia"><span style="color:#cc33cc;">www.educacaopublicarj.gov.br/jornal/materia</span></a><span style="color:#cc33cc;">.11/07/2005 Acesso em 21/01/2006 às 15h25min.<br /><br /><br />[1] Este artigo é parte de uma pesquisa mais ampla, realizada como monografia para conclusão do curso de Pedagogia, sob orientação do Profº. Eduardo Frederico Luedy.</span></div><div align="justify"><br /><span style="color:#cc33cc;">[2] Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Feira de Santana. </span></div><div align="justify"><br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2422878592749742746#_ftnref3" name="_ftn3"><span style="color:#cc33cc;">[3]</span></a><span style="color:#cc33cc;"> O questionário foi utilizado porque um dos professores, o qual inicialmente tinha se disposto a seguir a proposta de entrevista, no dia marcado, alegou não sentir-se a vontade para gravar à mesma.</span> </div>Taisa Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/03067970414064483269noreply@blogger.com1